Dedé Pederneiras: 'Se Jones fosse meu atleta, ele lutaria com Sonnen'

Técnico de José Aldo e Renan Barão diz que duelo com falastrão seria semelhante ao que o campeão meio-pesado teria contra Dan Henderson

Por Marcelo Russio Rio de Janeiro

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O técnico e promotor de eventos de MMA André Pederneiras não tem dúvidas: se ele fosse o técnico de Jon Jones, o campeão defenderia o seu cinturão contra Chael Sonnen, ou contra qualquer outro lutador que o UFC indicasse para substituir o lesionado Dan Henderson. Para Dedé, a situação era vantajosa para Jones.

Dedé Pederneiras (dir.) com José Aldo durante treino: técnico considerava troca de adversários proposta pelo UFC vantajosa para Jon Jones (Foto: Leandro Lima)

- Se ele fosse meu atleta, o Jon Jones ia para a luta. O estilo do Dan Henderson é muito semelhante ao do Sonnen, com vantagem para o Henderson, que tem uma mão direita violentíssima e uma boa queda. O Sonnen não tem mão forte e leva para o chão da mesma forma. Acho que ele deveria lutar, até porque, nesse nível de competição, a programação de um atleta é muito precisa. Mudar uma semana para mais ou para menos já altera a forma como o lutador chega para a luta. Imagina 20 dias... Os treinos são todos feitos para que o atleta chegue no seu máximo exatamente no dia da luta. Qualquer alteração já afeta a performance do lutador. Vou te dar um exemplo: quando a luta do Renan Barão contra o Urijah Faber foi adiada, eu dei a ele uma semana de férias em Natal. Se ele ficasse treinando direto, chegaria abaixo do possível na luta.
Já quanto à atitude de Dana White em cancelar o UFC 151, Dedé preferiu não comentar.
- Não tem como a gente comentar isso estando aqui no Brasil, sem saber tudo o que está acontecendo. Se eles lá, com a experiência que têm no assunto, acharam melhor cancelar o evento mesmo sabendo dos prejuízos que isso acarretaria, certamente tiveram suas razões. Quem promove eventos sabe como é difícil. Aqui no Brasil, os cancelamentos acontecem porque os lutadores podem acabar lutando e não recebendo os cachês prometidos, que muitas vezes dependem de uma boa bilheteria. Quando isso não acontece, cancela-se o evento para que o atleta não lute sem receber.

Dedé carrega Renan Barão: confiança na vitória
sobre Dominick Cruz (Foto: Divulgação/UFC)

Treinador de Renan Barão, que recentemente conquistou o cinturão interino dos pesos-galos do UFC contra Urijah Faber, Dedé Pederneiras garante que se preocupa menos com a luta contra Dominick Cruz do que se preocupou contra Faber.
- Essa luta do Barão contra o Cruz me preocupa menos do que contra o Faber. O Cruz não tem o poder de nocaute que o Faber tem. O Barão vai ser preparado para trocar com ele. Se a luta for para o chão, acho que o Barão vai vencer mais rapidamente ainda. O Cruz é um bom lutador, mas acredito muito no Renan, e acho que ele tem muita chance de unificar o cinturão. Claro, sempre existe a possibilidade de um soco pegar em cheio, e aí a luta acaba mesmo. Mas não acredito que isso aconteça contra o Cruz, que lutando contra o Faber levou uma ou duas bombas e caiu sentado no chão. A estratégia do Barão vai ser trocar com ele.
Falando sobre a chegada de Frankie Edgar aos penas, categoria dominada também por um atleta seu - José Aldo - Dedé prefere esperar a primeira luta do americano para ter uma ideia melhor de como ele vai se sair na nova divisão.
- Nos penas, o Edgar vai perder a grande vantagem que ele tinha nos leves, que era a velocidade. Se ele entrar a 120km/h, aqui vai ter alguém a 120km/h atrás dele. Não vai ser mais aquela disparidade. E ele também não vai ser mais baixo que os adversários, o que lhe dava vantagem de estar mais próximo das pernas de quem lutava contra ele. Não acho que ele vá ser um monstro na categoria, como o Dana White disse. Já vi muito monstro se dar mal quando desce de peso. A resistência dele aos golpes também vai diminuir, porque ele vai ter que perder peso, e isso afeta muito essa parte. Honestamente, prefiro ver uma luta dele para analisar melhor. É um grande lutador, mas não vai encontrar moleza entre os penas.
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O treinador, no entanto, não acredita que exista um lutador que domine uma categoria, apesar de José Aldo, seu pupilo, ser tido como um dos lutadores que ficará muito tempo com o cinturão do UFC em seu poder.
- Não existe isso. Cada luta tem o seu perigo. O Jon Jones, por exemplo, poderia ser surpreendido pelo Sonnen, que gosta de usar a curta distância e levar a luta para o chão. Alguém já viu o Jones no chão, com alguém por cima dele martelando? E também tem o aspecto psicológico. O Jones sabe como o Anderson (Silva) venceu o Sonnen, de forma incontestável, sem deixar dúvidas. E se ele acaba tendo mais dificuldades, e a luta começa a ficar mais longa do que o previsto? Esse exemplo mostra que há muitos fatores que estão em jogo em um combate. Por isso, não existe lutador que domine totalmente uma categoria em um torneio forte como o UFC. Quem estiver melhor no dia, ganha. Por isso é importante estar bem preparado.
Neste sábado, Pederneiras promove o Shooto 33, no Bope, evento que destaca a luta entre o brasileiro Dudu Dantas, campeão dos pesos-galos do Bellator, e o americano Tyson Nam. O torneio tem transmissão ao vivo do canal Combate a partir de 20h (horário de Brasília).