domingo, 15 de dezembro de 2013

Jon Jones fala sobre GSP e vontade de se aposentar no auge da carreira

Atual campeão dos meio-pesados do Ultimate também analisa algumas críticas recebidas: 'Todo mundo que ver um grande vencedor perder'

Por Sacramento, EUA
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O campeão meio-pesado do UFC, Jon Jones, foi surpreendido nesta sexta-feira pela notícia de que Georges St-Pierre vai dar uma pausa na carreira por tempo indeterminado, deixando vago o cinturão dos meio-médios da organização. A notícia também o afetou diretamente, pois a sua sétima defesa de cinturão acabou sendo mais uma vez adiada. Anteriormente marcada para o dia 15 de março, em Dallas,  a luta entre “Bones” e o brasileiro Glover Teixeira agora deve acontecer no UFC 172, dia 12 de abril de 2014, em Baltimore (EUA).
- Eu  fiquei muito surpreso, mas estou muito orgulhoso pela atitude do Georges. Eu acho que ele vai deixar o esporte no auge, ainda saudável e tenho certeza de que ele guardou bastante dinheiro para cuidar do que precisa. Eu só acho que há muitas opções na vida e ele é um cara tão bacana, que já fez tanto pelo esporte, que merece ser feliz nessa nova fase sem que as pessoas fiquem questionando os motivos. Ele fez o que era melhor, vai sair no tempo certo. - declarou o campeão em entrevista ao Combate.com.
Jon Jones UFC MMA (Foto: Evelyn Rodrigues)Jon Jones vê Glover Teixeira como grande desafio: 'Um cara muito duro' (Foto: Evelyn Rodrigues)
O assédio e a pressão por ser um campeão conhecido mundialmente foram os fatores apontados por amigos e parentes de GSP para o seu afastamento e Jones explica que lidar com esse tipo de situação requer muita energia e tempo.

- É muita pressão, as pessoas não fazem ideia do que é estar na nossa pele. Não falo isso como algo negativo, mas como alguém que passa pela mesma situação. Você não precisa ser lutador do UFC para sofrer essa pressão.  Muitas pessoas são muito pressionadas em seus trabalhos, por mais comuns que eles pareçam. Eu acho que o Georges conseguiu lidar com isso por muito tempo e realmente não estava mais conseguindo continuar fazendo isso porque requer uma dedicação extra, energia e tempo. - disse, explicando que, a exemplo de St-Pierre, também quer se retirar de cena no auge de sua carreira:
- Eu só quero ter um plano e sair do esporte com respeito,  me aposentar com um legado saudável.  Eu não gostaria de ver lutadores grandiosos diminuindo o seu legado por estarem lutando além do que deveriam. Eu não quero ser um desses caras.

Jones ainda falou sobre os planos para o seu futuro,  superlutas e a vontade de lutar no Brasil, além é claro, de seu duelo contra Glover. Confira:
O que você achou do anúncio do Georges St-Pierre hoje, dizendo que vai dar um tempo na carreira e deixando o cinturão dos meio-médios vago?

- Eu  fiquei muito surpreso, mas estou muito orgulhoso pela atitude do Georges. Eu acho que ele vai deixar o esporte no auge, ainda saudável e tenho certeza de que ele guardou bastante dinheiro para cuidar do que precisa. Eu só acho que há muitas opções na vida e ele é um cara tão bacana, que já fez tanto pelo esporte, que merece ser feliz nessa nova fase sem que as pessoas fiquem questionando os motivos. Ele fez o que era melhor, vai sair no tempo certo.
Com o anúncio de hoje a sua luta contra o Glover Teixeira foi adiada pela terceira vez. Essa mudança de data atrapalha na preparação para o duelo ou interfere diretamente no camp?

- Não muda quase nada. Eu só tenho que diminuir o ritmo para algumas coisas, mas também acabo tendo mais tempo para organizar meu camp um pouco melhor e me certificar de que estou fazendo tudo certo.
A pressão e o assédio por ser um campeão há tanto tempo foram alguns dos fatores apontados como determinantes para essa decisão do GSP. Acontece a mesma coisa com você?

- É muita pressão, as pessoas não fazem ideia do que é estar na nossa pele. Não falo isso como algo negativo, mas como alguém que passa pela mesma situação. Você não precisa ser lutador do UFC para sofrer essa pressão.  Muitas pessoas são muito pressionadas em seus trabalhos, por mais comuns que eles pareçam. Eu acho que o Georges conseguiu lidar com isso por muito tempo e realmente não estava mais conseguindo continuar fazendo isso porque requer uma dedicação extra, energia e tempo.
GSP foi muito criticado pela performance contra Johny Hendricks. A mesma coisa aconteceu com Anderson Silva quando ele perdeu o cinturão dos médios, e com você no duelo contra o Alexander Gustafsson. Você acha que existe uma espécie de curiosidade mórbida do público para ver quando os grandes campeões vão perder?

- Eu acho que, como campeões, nós temos muito apoio dos fãs, mas, ao mesmo tempo, é muito divertido assistir ao campeão se desafiar em uma grande luta. E quanto mais difícil esse duelo for, melhor. Todo mundo quer ver um grande vencedor perder, isso é algo que entretém muito, que aguça a curiosidade das pessoas. Mas é algo que acontece, é normal, você só não pode deixar isso chegar à sua cabeça. Eu não levo essas coisas para o lado pessoal, faz parte do esporte, até porque todo mundo tem o mesmo objetivo aqui, que é chegar ao cinturão. O meu papel como campeão é não deixar que outros tomem o que é meu.
Você e o Gustafsson protagonizaram uma luta duríssima e o Glover Teixeira vem sendo apontado como  um potencial candidato a te derrotar.  A diferença entre você e os demais candidatos está diminuindo?

- Não.  Eu já ouvi isso de 'fulano é melhor que você' durante toda a minha carreira. Nós estamos lutando em uma divisão de alto nível e todo mundo tem chance de vencer. O meu trabalho é manter as possibilidades e as chances deles vencerem bem pequenas. E é isso que eu vou fazer. É assim que as coisas funcionam, sempre vai ter um talento novo, alguém que aparece do nada e vai subindo os degraus dessa longa escada até se destacar. Não posso dizer se o nível está aumentando ou diminuindo, se a diferença entre eu e os demais está ficando menor, porque todos esses caras são extremamente duros e preparados. Quando você quer se desafiar entre os melhores do mundo, é normal ter seus dias de glória e os dias mais difíceis.  É para isso que estou aqui.
Jon Jones UFC MMA (Foto: Evelyn Rodrigues)Meta é parar no auge (Foto: Evelyn Rodrigues)
Você disse que pretende se aposentar aos 30 anos, e Dana White não parece ter acreditado muito, afirmando que quando você chegar aos 30, a sua ambição será aumentar os recordes que tiver estabelecido até lá. Você ainda pensa em se aposentar em quatro anos? Tem alguma coisa que faria te mudar de ideia?

- Eu acho que eu não estava em um bom dia quando eu disse isso. Basicamente, eu só quero ter um plano e sair do esporte com respeito. Eu quero me aposentar com um legado saudável, eu não gostaria de ver lutadores grandiosos diminuindo o seu legado por estarem lutando além do que deveriam. Eu não quero ser um desses caras. Talvez eu não deva colocar uma idade para me aposentar,  mas eu definitivamente vou saber quando parar.
Você já foi cotado para enfrentar Anderson Silva, foi falado em uma luta contra Cain Velásquez... você parece estar no centro das atenções quando o assunto é superlutas. Alguma delas faria Jon Jones realmente se motivar?

- Agora eu não estou pensando em nenhuma superluta. Eu estou animado por todas as oportunidades que estão surgindo, por poder me testar a cada duelo,  e tenho certeza de que tudo vai acontecer naturalmente. Só o tempo vai dizer se um dia elas vão acontecer.
Com GSP aposentando as luvas por tempo indeterminado, você é o único que pode bater os recordes de Anderson Silva...

- Esse é o lado bom. Definitivamente é algo que eu quero trabalhar e alcançar.  Quero ter a honra de ultrapassar os recordes de Anderson Silva no esporte e de poder fazer coisas tão grandiosas como ele fez.
Você já disse muitas vezes que gostaria de lutar no Brasil, mas não contra um brasileiro. Quando você passar a lutar entre os pesados, pelos menos três brasileiros podem vir a ser seus adversários: Junior Cigano, Antônio Pezão e Fabrício Werdum, para não citar Rodrigo Minotauro. Uma luta no Brasil contra algum deles o interessaria?

- Não. Sem chance! Eu amo o Brasil, é um país maravilhoso que eu respeito muito. Os brasileiros são tão apaixonados pelos seus lutadores que eu não gostaria de ser aquele que vai receber o ódio dos brasileiros. Não quero ouvir as vaias e os gritos de “Uh vai morrer!” (risos). Não, isso não é para mim. Eu posso ouvir vaias até aqui na América, mas vocês levam tudo tão a sério que eu não consigo não lutar lá se não for para ter a torcida do meu lado.
Quais são suas expectativas para o duelo contra o Glover Teixeira?

- Glover é um cara muito duro e eu acho que ele vai ser um grande desafio. Para mim, ele tem exatamente o que eu preciso para me manter focado e com esse desejo de vitória. Ele  vai me fazer mostrar o meu melhor lá dentro do octógono

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