segunda-feira, 30 de março de 2015

Livio Oricchio: Confira análise e nota dos 10 melhores do GP da Malásia

O especialista em Fórmula 1 do GloboEsporte.com analisa o desempenho dos dez
primeiros colocados da segunda etapa da temporada 2015, que teve vitória de Vettel

Por Nice, França

A vitória de Sebastian Vettel, da Ferrari, no GP da Malásia, domingo, criou enorme expectativa com relação à sequência do campeonato. Até a etapa de Xangai, dia 12, a pergunta que os fãs da F1 irão se fazer é se a Ferrari será capaz de, mais uma vez, lutar com a Mercedes pela vitória. Nem todos entenderam que Vettel, em Sepang, contou com fatores decisivos a favor de sua equipe, notadamente o melhor aproveitamento dos pneus duros e médios da Pirelli sob calor intenso.
O modelo SF15-T representa um avanço expressivo se comparado ao carro italiano de 2014, mas não fosse a possibilidade de Vettel fazer apenas duas paradas diante de três de Lewis Hamilton, da Mercedes, vencer teria sido mais difícil. E nem sempre essa condição se repetirá na temporada. O time alemão tem, ainda, importante vantagem técnica. Não é a mesma do ano passado, mas Hamilton e Nico Rosberg seguirão favoritos, na maioria dos GPs, para largar na pole position e ganhar as corridas.
O desempenho de cada piloto num GP é sempre motivo de debates, discussões dentre os que se interessam por F1. A seguir, a análise com nota dos dez pilotos que marcaram pontos na Malásia.
Sebastian Vettel Ferrari GP da Malásia (Foto: Getty Images)Sebastian Vettel se emociona com primeira vitória pela Ferrari, no GP da Malásia (Foto: Getty Images)


SEBASTIAN VETTEL - 10

Equipe: Ferrari
Posição: 1º
O choro contido na hora do hino alemão, no pódio, refletia o que provavelmente se passava na sua mente. Vettel viveu no ano passado um período de extrema dificuldade. Mesmo na Alemanha não foram poucos os que questionaram suas qualidades de piloto depois de o novato companheiro de RBR-Renault, Daniel Ricciardo, vencer três GPs, somar 238 pontos, enquanto ele, tetracampeão do mundo, não ganhar nenhuma corrida e fazer apenas 167 pontos. A mensagem que esse cenário passou para muita gente foi: quem vencia da RBR era o supercarro da equipe e não o talento de Vettel.
Ser o primeiro colocado na Malásia, diante de adversário tão poderoso na pista, sem que fatores externos à competição interferissem, como fez Vettel com relação à dupla de pilotos da Mercedes, campeão e vice em 2014, não deixou de ser uma resposta do alemão aos que o viam com um profissional capaz, mas limitado. Vettel sofreu no ano passado por estar acostumado a ser tratado com um fenômeno e, de repente, tudo acabou.
A vitória o fez sentir-se, um pouco, Michael Schumacher. Vettel cresceu vendo Schumacher ser campeão com a Ferrari, razão de desejar ser piloto de F1. E Vettel exterioriza seus sentimentos, apesar de alemão e piloto de F1, classe orientada, por vezes doutrinada, a não deixar os outros perceberem o que sentem, tampouco o que pensam.
Sebastian Vettel comemora vitória no GP da Malásia  (Foto: Getty Images)Sebastian Vettel comemora vitória no GP da Malásia (Foto: Getty Images)
A conquista é o resultado de muito trabalho de Vettel e dos 600 integrantes da Ferrari. O caderno de capa preta que levava consigo para todo lado nos testes da pré-temporada tornou-se um símbolo da dedicação extrema do piloto ao novo projeto, seu e da escuderia italiana, de voltarem a fazer sucesso na F1.
Disputou brilhante classificação, sábado, na chuva, ao perder a pole position para Hamilton por apenas 74 milésimos de segundo. E como sempre acontece quando dispõe de um carro veloz e equilibrado, Vettel soube se impor ao longo das 56 voltas do GP da Malásia. Não deixou Hamilton sonhar em se aproximar de verdade, a partir da 39.ª volta, a do terceiro e último pit stop do inglês, para tentar a ultrapassagem e vencer. Vettel está a apenas 3 pontos do líder do Mundial, Hamilton, 43 a 40.
Inteligente, sabe quando exigir tudo do carro e as horas que precisa apenas manter bom ritmo. Explorou bem o fato de o modelo SF15-T lhe oferecer maior autonomia dos pneus em relação ao W06 Hybrid da Mercedes, orientado com eficiência por seu engenheiro, Riccardo Adami.
São raros os episódios em que Vettel envolveu-se em incidentes desde a estreia na F1, em 2007, com 20 anos. É muito regular. A vitória em Sepang foi a 40.ª na carreira. Mais uma, possivelmente este ano, e se iguala a Ayrton Senna. À sua frente nesse ranking estarão, depois, somente Alain Prost, com 51, e Michael Schumacher, 91.
Sebastian Vettel Ferrari GP da Malásia (Foto: Getty Images)Sebastian Vettel ergue a bandeira da Ferrari ao comemorar vitória na Malásia (Foto: Getty Images)


LEWIS HAMILTON - 9

Equipe: Mercedes
Posição: 2º
Foi o mais rápido no seco e no molhado na definição do grid. O título do ano passado o amadureceu bastante. É o que demonstrou na Austrália e na Malásia. Será interessante ver como reagirá agora que em algumas etapas a Ferrari poderá ser adversária da Mercedes.
Como fazia tempo que seu time não sabia o que era concorrência na F1, bem como Hamilton só conheceu Rosberg como adversário em 2014, a primeira luta efetiva com times mais bem preparados parece ter mexido com o grupo da Mercedes. Hamilton reclamou no rádio da decisão de liberá-lo, no terceiro pit stop, com pneus duros enquanto esperava os médios. Ouviu seu engenheiro, Peter Bonnington, responder, com energia, não dispor mais de nenhum jogo de pneus médios. A Mercedes e Hamilton terão de reaprender a competir enfrentando, em algumas ocasiões, resistência para vencer.
Mais: é muito provável que já nesta segunda-feira em Brackley, Inglaterra, próximo a Silverstone, sede da equipe Mercedes, Paddy Lowe, diretor técnico, tenha se reunido com Aldo Costa, coordenador do projeto do W06 Hybrid, Geoff Williams, responsável pela aerodinâmica, e Andy Cowell, diretor do programa da unidade híbrida. O objetivo é acelerar o programa de desenvolvimento do carro. Como disse o sócio e diretor da escuderia, o austríaco Toto Wolff, “a vitória de Vettel representou uma chamada para despertar”.
Hamilton, treino GP da Malásia (Foto: Getty Images)Hamilton largou na pole, mas não foi páreo para a Ferrari de Sebastian Vettel (Foto: Getty Images)


NICO ROSBERG - 7

Equipe: Mercedes 

Posição: 3º
Não é o mesmo piloto do ano passado, quando esteve quase no excepcional nível de Hamilton. A relação entre o que Rosberg e Hamilton produzem, hoje, voltou ao que era quando ambos tinham 15 anos, em 2000, foram companheiros da equipe da Mercedes no kart e, invariavelmente, o menino simples inglês vencia.
O modelo W06 Hybrid da Mercedes é ainda mais rápido e equilibrado que o do ano passado, mas a diferença entre Rosberg e Hamilton cresceu. O alemão deve ter compreendido que o seu companheiro resgatou o seu melhor depois de ser bicampeão do mundo no ano passado. E provável que Rosberg tivesse esperança de que com a separação da namorada Hamilton perdesse parte de sua força, como aconteceu já em três ocasiões com ele na F1. Até agora, contudo, não foi o que ocorreu.
A superioridade técnica e emocional este ano de Hamilton parece estar afetando Rosberg também psicologicamente. Não demonstra poder reagir, superar o parceiro, seja em classificação ou corrida, resgatar o melhor da sua autoconfiança e infligir uma derrota ao adversário, o que poderia, talvez, abalá-lo um pouco.
Em 2014, a partir do GP de Mônaco, Rosberg explorou a guerra psicológica explicitamente, mesmo nas coletivas, com Hamilton do seu lado. Agora, as condições são tão desfavoráveis que nem mesmo esse aspecto da luta é abordado pelo alemão.
Em Sepang, Rosberg não poderia mesmo obter mais da terceira colocação, pois Vettel e Hamilton, a sua frente, são pilotos mais talentosos, conforme a classificação do campeonato atesta: ele está em terceiro, com 33 pontos.

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