sexta-feira, 10 de abril de 2015

Tradutor de Aldo em turnê luta no WSOF 20 e sonha com ida para o UFC

Saul Almeida esteve com o brasileiro nas coletivas de imprensa para promover o UFC 189 em Boston, Nova York, Toronto, Londres e Dublin. Se vencer, vai ligar para Dana

Por Rio de Janeiro
Nascido em Guanhães-MG e morando nos Estados Unidos desde os 8 anos, Saul Almeida é pouco conhecido do público brasileiro, mas ganhou alguns holofotes nas últimas semanas como tradutor de José Aldo na turnê mundial para promover o UFC 189. Muitos que viram as coletivas sequer sabiam que ele era lutador, mas Saul entrará em ação nesta sexta-feira, pelo peso-pena (até 66kg), no card preliminar do WSOF 20, em Ledyard (EUA), contra Chris Foster.
Coletiva de Imprensa UFC 189 Dublin, Irlanda (Foto: Reprodução/UFC)Saul Almeida, ao lado de José Aldo, na coletiva de Dublin para promover o UFC 189 (Foto: Reprodução/UFC)
Apesar de morar em Boston há 17 anos, Saul Almeida fala português sem nenhuma dificuldade. O contato com José Aldo começou no Bellator, evento no qual lutou quatro vezes, após aproximação com o ex-campeão do peso-galo da organização Dudu Dantas, a quem também já ajudou como tradutor, e com o treinador da Nova União, Dedé Pederneiras.
Em entrevista ao Combate.com, Saul disse que uma ideia sua acabou sendo o estopim paraConor McGregor pegar o cinturão de José Aldo na coletiva de Dublin (IRL). O lutador, que tem um cartel de 17 vitórias e cinco derrotas, revelou seu sonho de ir para o UFC e declarou que vai ligar para Dana White em caso de vitória nesta sexta-feira.
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA
COMBATE.COM: Como surgiu esse convite para ser tradutor de José Aldo na turnê do UFC 189 e como foi participar dessa promoção?
Saul Almeida: Foi legal, o Aldo chegou em Boston, me ligou, falou que estava aqui já e pediu para eu encontrá-lo. Encontrei e a gente fez a conferência de Boston. Assim que acabou, o pessoal do UFC gostou e perguntou se eu poderia fazer as coletivas em Nova York e Toronto. Falei que tudo bem, marcamos para ir em Nova York e Toronto, viajei com o Aldo, e ele falou que queria que eu fosse com ele nas outras. Olhei minha agenda por causa da luta, bateu tudo certinho, deu para ir e fomos para Londres e Dublin, treinando no meio disso. Treinei com o Aldo, com o treinador de muay thai dele Alex Chadud, foi legal. Deu para treinar, fazer a turnê, conheci muita gente do UFC, deu tudo certo. Já conhecia o Aldo de antes, ele veio em Boston quando o McGregor lutou aqui, me ligou, saímos, levei ele para fazer algumas coisas, ajudei na tradução também e agora marquei de ir treinar com ele em maio ou junho para ajudar para essa luta, porque tenho o estilo parecido com o McGregor e vai dar direitinho. Foi assim que deu tudo certo.
Saul Almeida WSOF 20 (Foto: Reprodução/Facebook)Pôster de apresentação de Saul Almeida no WSOF 20, nesta sexta-feira (Reprodução: Facebook)
De onde surgiu essa aproximação com o José Aldo?
Conhecia o Eduardo Dantas, o Dedé, sempre que eles vinham lutar no Bellator eu conversava com eles. Uma vez o Aldo veio, teve uma luta aqui, deve ter um ano, aí a gente foi se falando. Passei meu número para ele e, quando ele chegou em Boston para a luta do McGregor contra o Siver, me ligou. Mas foi assim que surgiu. Sempre que os caras da Nova União lutavam por aqui, eu estava lá, ajudava o Dudu na tradução, foi mais assim.
Tem alguma história dessa turnê que tenha te marcado e o público não ficou sabendo?
Tem uma parada massa que aconteceu. Na última conferência, em Dublin, estava lá em cima com o Aldo e falei: "Cara, você é o rei. Você devia ir lá embaixo e falar que você é o rei de Dublin na primeira pergunta". Aí assim que teve a primeira pergunta, ele falou. Foi aí que o McGregor ficou doido e pegou o cinturão. Ele soltou tudo na última conferência, deixou para falar tudo. A gente riu muito e conversou várias coisas. Quando estávamos sentados na conferência, e os irlandeses perguntavam algo para o Dana e para o McGregor, nós conversávamos entre nós: "Esses caras devem ter bebido pra caramba porque estão soltando tudo. Estão doidos já" (risos).
E o que você sentiu do Aldo nos bastidores, depois dessa coletiva em Dublin? Acha que o McGregor conseguiu tirá-lo do sério?
Senti que ele estava irritado mesmo, mas isso é normal. O McGregor é maluco, fala pra c..., está vendendo a luta, fazendo o que ele faz, mas o Aldo, como é bem profissional, entra por um ouvido e sai no outro. Ele fica na dele, mas irrita um pouquinho o que o cara fala, o que os fãs falam, mas ele é o maior campeão do mundo, passou por isso já várias vezes, não tão assim, mas ele sabe se comportar bem, vai lá e faz o trabalho. Agora, um não gosta do outro mesmo, não tem nada falso ali. O McGregor pegou o cinturão porque ele falou que é o Rei de Dublin, mas não vejo nada falso não. São dois caras que não gostam um do outro e querem chegar no dia e mostrar quem é o melhor. Mas o Aldo é o campeão e vai continuar o campeão. Fora das câmeras, a gente nem falava de luta. A gente é amigo, conversa, mas quando estávamos nos corredores, o McGregor passava, o Aldo levantava, eles ficavam olhando um para o outro, mesmo sem câmera, então dá para ver que é real, que tem uma coisa ali entre os dois.
Você chegou a ter algum contato direto com o McGregor?
Ele nem sabia quem eu era, devia achar que eu era só o tradutor, mas quando ele tirou o cinturão do Aldo, eu queria ter dado um tapa nele, por estar desrespeitando o campeão, mas ele não conversou nada comigo. Eu só olhava para ele, ele olhava para mim, mas nada demais. Ele deu sorte que eu estava olhando para o Aldo, porque se estou olhando para ele, e ele vai para pegar o cinturão, eu não ia deixar.
Não acha arriscado participar de uma turnê como essa pouco tempo antes de sua luta, com mudanças no fuso horário e viagens cansativas?
Acho que não atrapalhou nada não, por isso que fui, estou sempre treinando. O que estava mais preocupado era o condicionamento físico, mas dei uns treinos, vi que estava bem, então o mais importante era a preparação e o peso. Estava na dieta, comendo direitinho, vi que não tinha problema e foi bom treinar com ele, com o treinador dele, deu tudo certo e por isso fui lá. Estou bem treinado, vou ganhar e vamos ver o que vem depois. Foi até uma motivação maior. Estava treinando com o campeão, vendo como é, então acredito que foi uma coisa boa. Não foi como se eu chegasse faltando três, quatro dias para a luta. Faltavam 12 dias. Deu para ajustar direitinho, está tudo tranquilo. Vou pra cima agora. Faria tudo de novo.
Saul Almeida tradutor José Aldo WSOF (Foto: Reprodução/Facebook)Saul Almeida é lutador do WSOF e mora nos EUA desde os 8 anos de idade (Reprodução: Facebook)
Pode contar um pouco da sua história nas artes marciais?
Eu nasci em Guanhães-MG, de lá fui para Belo Horizonte e, aos 8 anos, vim para Boston. Meu pai veio em 97, depois vim com a minha mãe em 98, e meu irmão veio em 99. Vim para estudar e ver se era melhor morar aqui. Treino desde os 8 anos, quando cheguei nos Estados Unidos e comecei a fazer caratê e jiu-jítsu. Competi em vários torneios nas duas modalidades, ganhei vários, depois fiz wrestling na escola por quatro anos, treinei boxe, kickboxing, muay thai, fui juntando o jogo todo. Treino em Boston agora, na academia Carlos Neto Brazilian Jiu-Jítsu, mas as vezes faço camp na American Top Team, na Flórida, também já treinei na Black House, em Los Angeles, participei do TUF 14, onde eles me mandaram pra Las Vegas, fiquei entre os últimos 25 e na última parte falaram que se eu tentasse mais uma vez, conseguiria, daria certo, mas não tentei de novo. Tive as lutas no Bellator, vou lutar em outro evento grande agora, sou o número 1 aqui da região da Nova Inglaterra, no Nordeste dos Estados Unidos, então vamos ver. Estou treinando há anos. Não é só pra essa luta, estou há anos para todas as lutas.
E pelo que estudou do Chris Foster, seu adversário nesta sexta, qual o melhor caminho para essa luta?
Meu oponente gosta mais de usar o boxe e defender quedas. Mas se eu quiser trocar com ele, vou fazer isso. Se quiser levar para o chão, farei isso também bem fácil. Não sei como vai ser, mas vou me adaptar na luta. Se der para finalizar, vai ser muito bom. Estou preparado para tudo.
Depois de passar tantos dias acompanhando toda essa promoção que o UFC está fazendo para a luta do Aldo, passa pela sua cabeça a hora de ser você a lutar lá?
Depois que passar essa luta e ganhar, vou ligar pessoalmente para o Dana e ver o que a gente pode fazer. Já fui testado por muitos lutadores duros, atletas que já estão no UFC, já ganhei de um também, Tateki Matsuda, no Bellator. Então acho que agora é a hora. Se der tudo certo na luta, a gente vai conversar com toda a equipe, meu irmão Samuel, meu empresário Ed Soares e meus treinadores, para ver qual será o próximo passo.
CARD DO EVENTO:
WSOF 20 
10 de abril, Connecticut (EUA)

David Branch x Jesse McElligott
Nick Newell x Joe Condon
Ozzy Dugulubgov x Lucas Montoya
Emmanuel Walo x Ben Fodor
Steve Mocco x Juliano Coutinho
Islam Mamedov x Leon Davis
Max Bohanan x Andrew Osborne
Matt Secor x Chip Moraza-Pollard
Saul Almeida x Chris Foster
Darren Mima x Johnny Campbell
Brett Oteri x Steve Skrzat

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