sexta-feira, 24 de julho de 2015

“Fortões”, saltadores precisam suar para seguir parceiras em provas mistas

Novidade no Mundial de esportes aquáticos, provas mistas nos saltos sincronizados vêm desafiando a habilidade principalmente dos homens: "O pulo é diferente"

Por Rio de Janeiro e Kazan
Luiz Auterelo e Ingrid Oliveira são a dupla mista do Brasil na plataforma de 10m (Foto: Ian Mattos / Divulgação)Ingrid Oliveira e Luiz Auterelo em ação na plataforma de 10m (Foto: Ian Mattos / Divulgação)
Nos saltos sincronizados, é comum as duplas serem formadas por atletas com o mesmo biotipo. Combinação que fica mais complicada no momento em que a parceira é formada por um homem e uma mulher. É este o novo desafio que os atletas estão tendo que enfrentar com o novo estilo de prova incluído este ano no programa do Mundial de esportes aquáticos, disputado em Kazan, na Rússia, até o dia 9 de agosto: o salto sincronizado misto.
Normalmente mais fortes e mais pesados, os homens das duplas estão tendo bastante trabalho para acompanharem as novas parceiras. Para elas, a situação é um pouco mais confortável, pois fazem o mesmo movimento de quando saltam com outra mulher. Mas para eles, é preciso dosar o impulso e adaptar o movimento no ar.
- Está sendo um desafio sincronizar. O pulo é diferente. Ela desloca mais para cima e roda um pouco mais, e eu um pouco menos. Mas é tudo uma questão de adaptação - explicou Luiz Felipe Outerelo, que competirá ao lado de Ingrid Oliveira na plataforma de 10m.
O entrosamento de cinco anos treinando no mesmo clube, o Fluminense, vem sendo um facilitador para a dupla, campeã da disputa mista no Grand Prix de Porto Rico, em abril. Mas, segundo Ingrid, outro fator que vem influenciando é o seu porte físico, mais forte para o padrão das saltadoras. 
- A gente salta praticamente juntos. Eu sou bem pesadinha porque sou bem musculosa, então acho que dá para dar uma enganada também na diferença de altura... Eu acho muito legal saltar sincronizado com ele. Nós treinamos desde 2008 juntos, nós temos uma intimidade muito forte - contou Ingrid.

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Ian Matos e Juliana Veloso Troféu Brasil de Saltos (Foto: Satiro Sodré / SSPress)Ian Matos e Juliana Veloso vão competir juntos no trampolim de 3m em Kazan (Foto: Satiro Sodré / SSPress)
No trampolim de 3m, o Brasil será representado por outra dupla do Tricolor: Ian Matos e Juliana Veloso. Neste caso, um desafio ainda maior para acertar a sincronia, pois a diferença entre o biotipo masculino e feminino tem forte influência no movimento de impulsão do trampolim.
- Uma das maiores dificuldades nos saltos para saltar sincronizado é o trampolim de 3m. O trampolim balança e, quando tem a diferença de peso muito grande, precisa fazer pequenas ajustes. Mas para mim é tranquilo porque tenho uma facilidade muito grande de mudar de técnica. Com a Juliana, eu imito ela. Eu falo: “Não precisa fazer nada de diferente, eu que vou te acompanhar” - revelou Ian.
Nós saltamos juntos em Brasília e em Porto Rico. Em Porto Rico foi muito cômico, porque a gente nunca tinha saltado e teve só o aquecimento da prova juntos. Nada dava certo. Já para Brasília tivemos um tempinho para treinar e conseguimos saltar direitinho"
Juliana Veloso
Apesar do esforço dele para acompanhar a parceira, a primeira experiência dos dois juntos não teve muito sucesso. Na etapa de Porto Rico do Grand Prix, Juliana e Ian terminaram em último no trampolim de 3m sincronizado misto. Pouco mais de um mês depois, já mais acostumados, levaram o título do Troféu Brasil.
- A gente não teve tempo para treinar. Nós saltamos juntos em Brasília e em Porto Rico. Em Porto Rico foi muito cômico, porque a gente nunca tinha saltado e teve só o aquecimento da prova juntos. Nada dava certo. Foi desesperador. Já para Brasília tivemos um tempinho para treinar e conseguimos saltar direitinho - lembrou Juliana.
As disputas sincronizadas mistas começam na manhã sábado, na plataforma de 10m, com Ingrid e Luiz Felipe na briga por medalha. Nestas provas, não há eliminatórias: todas as duplas entram diretamente na final. Juliana Veloso e Ian Matos competem apenas no dia 2 de agosto, o último dos saltos ornamentais no Mundial de Kazan.

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