quinta-feira, 15 de setembro de 2016

"Melhor que Neymar", Jefinho resolve, Brasil bate a China e vai à final do Fut 5

Com dois gols do camisa sete, seleção brasileira vira sobre os chineses, vence por 
2 a 1 e aguarda a partida entre Argentina e Irã para seguir a busca pelo tetra

Por Rio de Janeiro



Jefinho ergue os braços e acena para a torcida. Em troca, recebe aplausos efusivos e gritos de incentivo. A missão está quase cumprida. Com dois gols e atuação de gala do camisa 7, a seleção brasileira de futebol de 5 bateu a China por 2 a 1 e avançou à quarta final seguida na Paralimpíada. Hegemônicos, os  brasileiros nunca ficaram de fora da decisão desde que o esporte foi incluído no programa dos Jogos Paralímpicos, em Atenas 2004. O triunfo, mais uma vez, não veio fácil. O Brasil saiu atrás do marcador, quase perdeu Ricardinho com um corte no supercílio, mas virou e venceu o rival que já havia batido na final de Pequim 2008. Ao fim da partida, o craque ouviu: "Ah, Jefinho é melhor que Neymar!".
- É diferente jogar em casa com esse apoio da torcida, 3, 4 mil pessoas. Isso é algo que nunca aconteceu com a gente que joga o futebol de 5. Sentir a presença da torcida aqui nos apoioando e incentivando, gritando nosso nome, gritando brasil, dando força, com certeza é diferente e eu pude ajudar fazendo dois gols. Com certeza foi um grande momento da minha carreira - contou Jefinho.
Descrição da imagem: Jefinho e Nonato sorriem e festejam gol de empate do Brasil (Foto: André Durão)Descrição da imagem: Jefinho e Nonato sorriem e festejam gol de empate do Brasil (Foto: André Durão)
Na decisão, a seleção brasileira aguarda agora o seu adversário. Argentina e Irã duelam às 20h para definir quem será o oponente. A final que pode valer o tetracampeonato e a manutenção de uma escrita vencedora será jogada no sábado, às 17h, na Quadra 1 do Centro Olímpico de Tênis. Em Atenas, os meninos foram campeões sobre a Argentina. E em Londres 2012 venceram a França.
- Esse jogo provou a força do nosso grupo. Perdemos o Ricardinho no começo da partida, começamos atrás do placar... Conseguimos virar um jogo diante da China, um rival fortíssimo, que corre muito. E chegamos na quarta final seguida. Isso é muito importante e venha quem vier, vamos em busca da medalha de ouro - garantiu o técnico Fábio Vasconcelos.
CHINA SAI NA FRENTE
Sabendo da qualidade e da velocidade do rival, o Brasil entrou mais defensivo no duelo contra a China. O pivô Nonato começou no banco e Damião começou defendendo ao lado de Cássio. Nos primeiros seis minutos, nenhum lance de perigo. Aos sete, Ricardinho levou falta dura de Wang Zhoubin e saiu de quadra com o rosto sangrando muito. O chinês levou cartão amarelo pelo lance. Aos 10 minutos, no primeiro momento de perigo para o Brasil, Nonato chutou para o gol, mas não acertou a meta de Xu Huachu. Mesmo melhor em quadra, a seleção saiu atrás. Após falta de Damião, Wang Yafeng recebeu passe e bateu de bico à meia altura, vencendo Luan, aos 13 minutos.
Gol de Jefinho - Futebol de 5 - Brasil x China (Foto: André Durão)Descrição da imagem: jefinho chuta de bico. A bola vai no ângulo e Xu Huachu não consegue chegar (Foto: André Durão)
Em dois lances seguidos, Jefinho quase conseguiu o empate. Primeiro, bateu por cima do gol aos 16, e depois, aos 18, colocou a bola rente à trave de Xu Huachu. Tanta pressão surtiu efeito aos 19 minutos. E de novo com Jefinho. O camisa sete recebeu pela direita, cortou para o meio e driblou dois rivais. De cara para o gol, bateu no canto, rasteiro, e empatou o jogo. Vestindo uma touca, Ricardinho voltou ao time apenas aos 20 minutos, no lugar de Jefinho, poupado da reta final da etapa. No último lance do primeiro tempo, Ricardinho achou Nonato no meio, mas o cronômetro estourou antes do chute.
Logo aos quatro minutos do segundo tempo, o Brasil passou à frente com Jefinho. O camisa sete avançou pelo meio, driblou três oponentes e antes da entrada da área bateu no ângulo, virando para a seleção. Aos nove minutos, foi a vez de Ricardinho quase ampliar para os brasileiros. Cássio passou a bola para o camisa 10 em cobrança de falta e o craque cortou para o meio para bater com força para boa defesa de Xu Huachu. Vencendo por 2 a 1, o técnico do Brasil revezava Jefinho e Ricardinho em quadra, já pensando em poupá-los para a final.
Seleção brasileira comemorando o gol de Jefinho Futebol de 5 (Foto: André Durão)Descrição da imagem: jogadores do Brasil se unem em abraço para comemorar a vitória (Foto: André Durão)

Ao marcar falta de Damião sobre Yu Yutan, os árbitros levaram uma sonora vaia da torcida que até então respeitava os comandos de silêncio dentro do possível. Aos 18 minutos do segundo tempo, Nonato quase ampliou em em dois lances seguidos. No primeiro, bateu para Huachu colocar para escanteio. Depois, na dividida, por pouco não marcou de carrinho. Um minuto depois, o mesmo Nonato bateu rente à trave do chinês da entrada da área depois de passe de Jefinho. Nos dois minutos finas do duelo, a seleção voltou a pressionar e confirmou a vitória e a vaga na decisão.
A MODALIDADE
O futebol de 5 entrou no programa paralímpico em Atenas 2004. O jogo tem dois tempos de 25 minutos, sendo que os dois últimos de cada tempo são cronometrados, ou seja, o tempo para quando a bola sai pela linha de fundo. O intervalo entre os dois tempos é de dez minutos. Existe também uma pequena área de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem pegar na bola; o arqueiro, por sinal, é o único vidente, ou seja, não tem deficiência. Após a terceira falta de uma equipe, é cobrado um tiro livre da linha de oito metros ou do local onde foi sofrida a falta. Ao se deslocarem em busca da bola, os jogadores precisam gritar "voy", vou em português, na tentativa de evitar choques. 
A bola, como a de futsal, tem guizos que ajudam os jogadores a encontrá-la e também a manterem o seu domínio. A quadra tem a metragem de 40 x 20. Assim como no goalball, modalidade paralímpica exclusiva, no Fut 5 o silêncio é fundamental. Só assim os jogadores conseguem ouvir as orientações dos técnicos e dos chamadores, além dos goleiros, e também ouvir o guizo que fica dentro da bola e os ajuda. A torcida só pode vibrar e fazer barulho na hora do gol, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralisação da partida.

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