quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Vettel relembra última vitória da Ferrari na F1 e admite que jejum é inesperado

Último triunfo de piloto alemão e da escuderia italiana na Fórmula 1 aconteceu 
no GP de Cingapura de 2015, mesma etapa da corrida deste fim de semana

header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)

Nessa mesma época do campeonato, em 2011, a do GP de Cingapura, o hoje repórter do GloboEsporte.com questionou Sebastian Vettel, durante entrevista, se havia perguntado ao diretor técnico da RBR, sua equipe, o genial Adrian Newey, se ele seguiria trabalhando com o grupo nos anos seguintes. 
Isso porque Helmut Marko, homem forte da RBR, propôs ao piloto a extensão do seu contrato, previsto para encerrar em 2012. Ao ouvir de Newey que continuaria sendo o responsável pelos monopostos da RBR, Vettel renovou o compromisso até o fim de 2013.
Repare a preocupação de Vettel com relação às garantias de que seguiria dispondo de um carro competitivo antes de assinar com a RBR. Naquela temporada, 2011, esse notável piloto alemão, então com 24 anos, conquistou o bicampeonato com 11 vitórias e 11 pole positions nas 19 etapas disputadas.
Avancemos no tempo. Nesta quinta-feira, no mesmo Circuito Marina Bay, onde amanhã começam os treinos livres do GP de Cingapura, Vettel, hoje na Ferrari, disse: “No ano passado, não esperava que aquela fosse ser a minha última vitória com a Ferrari por tanto tempo”. 
Vettel despedida massa (Foto: Reprodução)Vettel despedida massa (Foto: Reprodução)
Na edição de 2015 da prova, Vettel largou na pole position e manteve-se líder, com autoridade, até a bandeirada, ao fim da 61ª volta. Foi a última vitória dele e da escuderia italiana na F1. 
TROCA TUDO 
E exatamente por esse motivo, a Ferrari não estar vencendo este ano, conforme o planejado em 2015, que o presidente da empresa, Sergio Marchionne, simplesmente dispensou, em julho, o grupo técnico do time liderado pelo inglês James Allison, diretor, e o sul-africano Dirk de Beer, responsável pela aerodinâmica.
Marchionne elegeu o engenheiro Mattia Binotto, ex-diretor administrativo da área das unidades motrizes, para coordenar a completa reestruturação técnica da Ferrari, construída com engenheiros da empresa, muitos sem vivência na F1.
Sergio Marchionne, presidente da Fiat, no GP da China (Foto: Getty Images)Sergio Marchionne, presidente da Fiat, no GP da China (Foto: Getty Images)
Voltemos no tempo. Se Vettel, em 2011, já tinha consciência da grande importância de dispor de um departamento técnico competente para seguir lutando pelas vitórias e títulos, imagine este ano, depois de ter sido campeão com os carros de Newey em 2012 e 2013 também? 
INEXPERIÊNCIA TOTAL
Agora se coloque no lugar dele ao saber, por exemplo, que no novo organograma a Ferrari não tem um diretor técnico, as decisões são tomadas pelo grupo de engenheiros inexperientes responsáveis pelo complexo projeto de 2017, quando haverá uma profunda revisão conceitual no regulamento. 
E que o desenhista-chefe, Simone Resta, antes um simples executor da orientação dos diretores técnicos, Nikolas Tombazis, de 2007 a 2013, e Allison, a partir de setembro daquele ano, é o engenheiro com maior peso no projeto do ano que vem. 
Mais: o segundo na escala hierárquica no modelo de 2017 é o novo responsável pelo departamento de aerodinâmica, Enrico Cardile, proveniente do grupo de desenvolvimento do modelo de série GT 488 que disputa vários campeonatos na categoria GT3, onde os desafios de engenharia não têm nada a ver com os da F1. 
CONCORRÊNCIA ASSUSTA 
Dá para ter uma ideia do grau de preocupação de Vettel? É bem provável que o local da última vitória, Cingapura, tenha ativado seus neurônios. Vettel sabe que Newey assumiu novamente as rédeas do projeto de 2017 na RBR, e sabe ainda que Paddy Lowe, Mark Ellis, Aldo Costa, Geoff Willis e Andy Cowell trabalham há algum tempo no novo modelo da Mercedes. É o mesmo grupo das conquistas impressionantes da montadora alemã na F1 desde 2014.
Vettel deve estar pensando nos homens responsáveis pelo seu carro no próximo campeonato e nos que estão concebendo o de Daniel Ricciardo e Max Verstappen, da RBR, e Lewis Hamilton e Nico Rosberg, Mercedes. E no mínimo questionando muito a validade da gestão imposta por Marchionne, este da mesma forma sem vivência na F1. 
Hamilton e Ricciardo GP da Hungria Fórmula 1 (Foto: Reuters)
Faz todo sentido acreditarmos que pelo menos em algumas ocasiões já passou pela cabeça de Vettel que, “felizmente”, tem apenas mais um ano de contrato com a Ferrari. Esse modelo de administração Vettel já aprendeu, desde os primeiros passos na F1, em 2007, na STR, que não funciona. 
Talvez na indústria, a especialidade de Marchionne, pois é também presidente da Fiat, substituir uma diretoria que não atingiu as metas possa fazer sentido. Na F1 representa, na maioria dos casos, um suicídio, pois as conquistas são o resultado do amadurecimento de um grupo de engenheiros capazes e, bem preferencialmente, com experiência nos desafios técnicos particulares e únicos da F1. Ou seja, tudo o que a Ferrari não tem.
VACAS MAGRAS

Se não houver alguns gênios nessa nova equipe de responsáveis pela área técnica da Ferrari, o mais provável, faz todo sentido o fã da F1 imaginar que esse período de um ano sem vitórias, lembrado por Vettel nesta quinta-feira em Cingapura, poderá se estender no próximo campeonato também. Qualquer coisa diferente será muito surpreendente. O histórico da F1 não é rico de exemplos de organizações recém-montadas fazerem sucesso, em especial nesses tempos de emprego de tecnologias extremamente complexas.
Não é tudo. O próprio diretor geral da Ferrari, Maurizio Arrivabene, não é um profissional formado na F1, começou a entender suas reais atribuições em novembro de 2014, pois até então era o diretor da Philip Morris, dona da marca Marlboro, patrocinadora da equipe. 
Em resumo, o presidente da Ferrari, Marchionne, não é do ramo esportivo. O diretor geral, Arrivabene, assumiu seu primeiro cargo no automobilismo, não apenas na F1, há menos de dois anos, e os dois principais responsáveis pelo carro de 2017, Resta e Cardile, fazem sua estreia como projetistas.
PARA ONDE IR
Agora responda: Vettel tem ou não razões para refletir sobre seu futuro?
Se a lógica seguir seus passos – ela nem sempre é disciplinada -, é possível que nessa mesma época do calendário de 2017 a Ferrari esteja se reestruturando de novo, pois é pouco provável que as metas estabelecidas por Marchione para a próxima temporada, nada menos de lutar pelas vitórias, sejam atingidas. 
Um novo cliclo vai começar, como era antes de Jean Todt assumir a Ferrari, em 1993, e impor a continuidade como filosofia básica para obter sucesso no automobilismo. 
Se Marchionne levar a sério o que disse assim que anunciou a solução caseira para os problemas da Ferrari, em julho, ele próprio pode ser vítima de si mesmo. “Quem não corresponder será substituído. Vale também para mim.” 
RETROSPECTO EXCELENTE

A boa notícia para Vettel e a Ferrari em Cingapura, mas de efeito fugaz, é a sua impressionante performance nos 5.065 metros do Circuito Marina Bay. O GP teve, até agora, oito edições. Vettel venceu quatro: em 2011, 2012 e 2013 com RBR, e 2015, Ferrari. Em 2014, recebeu a bandeirada em segundo, ainda na RBR. Obteve três pole positions, 2011, 2013 e 2015. Vettel se supera nas ruas dessa cidade estado.
Sua competência associada às características da pista e aos pneus disponibilizados pela Pirelli, ultramacios, supermacios e macios, podem ajudar a Ferrari obter um bom resultado no fim de semana, como o pódio em Monza, dia 4, quando foi terceiro, atrás da dupla da Mercedes, Rosberg e Hamilton. 
Sebastian Vettel Cingapura (Foto: Reuters)Sebastian Vettel vence em Cingapura (Foto: Reuters)
E existe ainda a possibilidade, embora remota, mas não impossível, de a Mercedes ter problemas para seus pneus atingirem a temperatura ideal de aderência, como no ano passado, o que fez com que Hamilton fosse 1,4 segundo mais lento que Vettel, no grid, e Rosberg terminasse a corrida na quarta colocação, 24 segundos depois de Vettel. 
Se algo semelhante acontecer no fim de semana novamente, Vettel e o companheiro, Kimi Raikkonen, e os pilotos da RBR, em especial, podem pensar, com seriedade, em vencer o GP de Cingapura. Os primeiros treinos livres começam nesta sexta-feira às 7 horas, horário de Brasília, 18 horas no Circuito Marina Bay. A 15ª etapa do campeonato é uma prova noturna. 

INFO Circuitos Horários Cingapura (Foto: Editoria de arte)

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