quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Atlético-PR e Coritiba se unem por paz 



no clássico e fortalecimento do futebol

Entrevista coletiva inédita pede que o clássico deste domingo não fique marcado pela violência. Clubes falam em crescer juntos no futebol brasileiro

Por Curitiba
Atlético-PR e Coritiba realizaram na tarde desta quinta-feira uma ação inédita em uma entrevista coletiva reunindo dirigentes, capitães e os técnicos dos dois clubes. O evento marca a realização do clássico Atletiba previsto para este domingo, às 18h30, no Couto Pereira, pelo Paranaense, e uma aproximação nunca ocorrida entre os dois. Em pouco menos de uma hora, os discursos foram voltados ao fortalecimento do futebol local, além dos pedidos de paz entre as torcidas durante o jogo. 
A coletiva foi realizada no estádio Couto Pereira, que será o palco do jogo deste domingo. O presidente do Coritiba, Rogério Bacellar, e do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, foram os primeiros a falar. Demonstrando muita cordialidade, o primeiro pedido foi de paz no clássico, que voltará a receber duas torcidas. 
coletiva atletiba atlético-pr e coritiba (Foto: Monique Silva)Coletiva reuniu dirigentes, técnicos e capitães dos dois times antes do clássico Atletiba (Foto: Monique Silva)
- O futebol paranaense precisa de uma injeção de ânimo. Esperamos que o clássico seja uma disputa esportiva, com muita raça, dedicação e amor à camisa, de ambos os lados, mas que impere a paz, não só no estádio, mas em todos os lugares onde as duas torcidas se encontrarem - disse Bacellar em seu discurso de abertura.
Os dirigentes ainda enfatizaram a necessidade de união dos clubes. Apesar de não apresentarem nenhum projeto específico, deram como exemplo o crescimento do futebol mineiro e gaúcho como a estratégia para que o futebol do Paraná também seja mais representativo nacionalmente. 
- Temos aí os gaúchos e os mineiros fortes, por que não o Paraná? Tudo isso em função da nossa visão pequena, e me incluo nisso. Não por pensar, mas por agir. Também me sinto culpado. O Atlético-PR não pode ser uma ilha, o Coritiba não pode ser uma ilha - completou Petraglia.
Nós vamos trabalhar e buscar a grandeza dos grandes clubes do nosso estado
Petraglia
O dirigente atleticano também disse que existe uma intenção de se aproximar dos clubes de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, dando a entender a vontade de recuperar a realização de torneios interestaduais como a Copa Sul-Minas, que incluía Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. Segundo ele, a aproximação com os outros estados pode ajudar no enfrentamento aos times do chamado eixo Rio-São Paulo. 
- Nós vamos trabalhar e buscar a grandeza dos grandes clubes do nosso estado. Queremos nos unir com Minas Gerais e Rio Grande do Sul, deixando o eixo (Rio-São Paulo) de lado.   
O projeto de fortalecimento do futebol paranaense passa pela inclusão do Paraná Clube, que atualmente enfrenta sérios problemas financeiros. Segundo Petraglia, uma nova coletiva para tratar dessa união será realizada na próxima segunda-feira com a presença do clube tricolor. 
- Todos sabem que não nasci aqui, mas amo o Paraná e tenho Cuiritiba como a minha cidade preferida, mas o nosso futebol não é mais local, estadual, o nosso futebol é nacional e internacional. Nós não podemos continuar fazendo futebol com rivalidade local e impedindo o nosso crescimento. Só com a união das forças podemos enfrentar e nos fortalecer para fazer frente aos mineiros, principalmente - finalizou o presidente rubro-negro. 
imagem atletiba união paz atlético-pr e coritiba (Foto: Divulgação)Campanha foi lançada durante coletiva na tarde desta quinta-feira (Foto: Divulgação)

Confira outras declarações dos presidentes da dupla Atletiba: 
UNIÃO
Bacellar: Coritiba e Atlético-PR unidos vão fazer que isso aconteça para que o futebol fique em igualdade e condições com os melhores centros do Brasil. E isso só pode acontecer se trabalharmos unidos e com objetivo em comum, de ver o futebol paranaense entre os melhores do Brasil. 
Petraglia: Desnecessário dizer da grandeza que o Coritiba representa para o nosso futebol, a sua história centenária. Deixar registrado aqui a nossa alegria e satisfação de darmos esse primeiro passo nesta longa caminhada que teremos pela frente.
TORCIDA ÚNICA
Petraglia: Nunca escondi o que eu penso e sinto, nos últimos anos tenho sido favorável à torcida única, uma situação de desconforto e quase descrente da possibilidade da nossa segurança pública, dos nossos poderes públicos de coibir e eliminar essa violência que surgiu nas últimas décadas usando o futebol como desculpa. Mas me rendo, e precisávamos fazer alguma coisa, não podíamos mais continuar esperando que as coisas se resolvam dentro daquilo que acreditamos. Com essa direção atual do Coritiba tenho deixado isso claro, o clube teve a grandeza de nos receber para trabalharmos juntos nesse projeto, uma contribuição pequena para a gente faça desse jogo, que é o maior clássico do nosso futebol, uma partida de paz.
PARANÁ CLUBE
Bacellar: Temos que levar o futebol do Paraná pra todos os cantos do estado, engrandecendo todos os clubes. Me perguntaram esses dias por que não o Paraná? O Paraná na hora certa vai entrar junto, nós estamos de braços abertos para receber qualquer clube. A rivalidade sempre existiu, o Coritiba depende do Atlético-PR para existir e o Atlético-PR depende do Coritiba para existir. Sem a rivalidade necessária não teria o clássico que existe hoje há quase 100 anos. Conversamos com o Petraglia e ele entendia da mesma maneira. Então vamos trabalhar integrados para que isso aconteça em benefício ao futebol paranaense.
CONTINUIDADE
Petraglia: Nós queremos, pretendemos e teremos o empenho que isso seja duradouro e definitivo. A recíproca será verdadeira. Tudo que acordamos o Atlético-PR estará integrado de maneira por inteiro. Hoje é a marca desse movimento de paz, do Atletiba. Nós queremos depois trabalhar pela grandeza e pela paz do futebol paranaense como um todo. Hoje é um movimento e uma demonstração de um primeiro passo para que os clubes trabalhem para a paz. 
TENTATIVAS DE APROXIMAÇÃO NO PASSADO
Petraglia: Nós buscamos nas direções anteriores do Coritiba essa aproximação, e logo no início do primeiro mandato do presidente anterior nós fizemos a mesma demonstração, e dessa vez foi o inverso. Durante a campanha os dirigentes do Coritiba nos procuraram dizendo que, sendo vencedores, nós faremos o que se pretendeu anteriormente. E lamentavelmente, por uma questão de paixão, não cabe aqui julgar, as promessas não se concretizaram, inclusive de buscarmos melhores receitas juntas, de patrocinadores, ou até junto à televisão. Depois tivemos aquele episódio lamentável de 2012, quando o Atlético-PR pretendia fazer seus jogos aqui da segunda, pagando valor de aluguel caro, e também houve a promessa, e chegou no momento não foi honrada a palavra. Mas isso é passado. Volto a repetir a gratidão que nós temos por essa abertura. Sozinhos sabemos que ninguém faz absolutamente nada.

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