sábado, 29 de agosto de 2015

Mortandade de peixes atinge rios que desaguam no Parque Olímpico

Frente fria que mexeu com o fundo dos rios e tirou oxigênio das águas foi provável causa, segundo biólogo. Prefeitura prevê recuperação para a Bacia de Jacarepaguá

Por Rio de Janeiro
Parque Olímpico mortandade de peixes (Foto: Mario Moscatelli)Mortandade de peixes com o Estádio Aquático do Parque Olímpico ao fundo (Foto: Mario Moscatelli)
Uma mortandade de peixes atingiu a Lagoa de Jacarepaguá nesta sexta-feira e deixou as margens do Parque Olímpico da Barra repletas de tilápias, robalos e tainhas. Uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente esteve no local na manhã deste sábado para realizar uma vistoria, mas ainda não teve um diagnóstico. De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, a provável causa da mortandade foi a entrada de uma frente fria que mexeu com o fundo dos dois rios que desaguam na lagoa, liberando ácido sulfídrico ou esgoto, e tirando oxigênio dos peixes. Moscatelli avisa que o cenário poderá se repetir em 2016, durante os Jogos.   

- É mais uma vez um aviso de que isso poderá ocorrer durante os Jogos Olímpicos. Se não estão preocupados com a natureza, fiquem preocupados pelo menos com a imagem do país, que está bem desgastada - disse.  

No Plano de Políticas Públicas dos Jogos Olímpicos está prevista a reabilitação ambiental da Bacia de Jacarepaguá pela prefeitura. A previsão é da "requalificação" de 14 rios da região. Segundo a prefeitura, oito já tiveram obras concluídas, somando 15km de cursos d´água canalizados. De acordo com o biólogo, o projeto foi deixado de lado.  

- Era parte que cabia ao município tratar dos rios que trazem esgoto para a lagoa. O projeto inicial seria a instalações de quatro unidades de tratamento dos rios nos quatro principais rios contaminados. O problema é que essa ideia foi abandonada e até hoje não foi apresentada uma solução - disse Moscatelli.  
Através de nota, a prefeitura do Rio informou que as intervenções realizadas nos rios da bacia de Jacarepaguá são para o controle de enchentes da região e que a responsabilidade da despoluição das águas da bacia de Jacarepaguá é do Governo do Estado. Acrescentou ainda que a construção das UTRs (Unidades de Tratamento de Rios) na bacia hidrográfica de Jacarepaguá só será executada caso haja um avanço no planejamento e implementação do saneamento de esgoto da região. A prefeitura entende que, enquanto o tratamento de esgoto não avançar, a construção das estações de tratamento não é uma alternativa eficaz.
Parque Olímpico mortandade de peixes (Foto: Mario Moscatelli)Mortandade de peixes na Lagoa de Jacarepaguá  (Foto: Mario Moscatelli)






















A fala de Moscatelli se refere a dois rios que desaguam no Parque Olímpico, Arroio Pavuna e Pavuninho, que não estão entre os 14 rios da obra da prefeitura, da qual não constam as UTRs.   
Ao mesmo tempo, o governo estadual é responsável pela dragagem da Lagoa de Jacarepaguá, que permitiria a renovação constante das águas em contato com o mar. As obras deveriam ficar prontas antes dos Jogos, haviam sido embargadas pelo Ministério Público Federal no ano passado e liberadas em julho após mudança no projeto. O Estado pretendia criar uma ilha com os resíduos retirados da dragagem, o que o MPF não permitiu. Segundo o órgão não havia garantia de que uma ilha artificial sustentasse construções, como casas ou prédios. 

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