sexta-feira, 20 de março de 2015

Andrés critica itens da MP das dívidas, enquanto Bandeira defende: "Marco"

Superintendente do Corinthians discorda de limitação de gastos dos clubes com futebol profissional, enquanto presidente do Flamengo considera meta possível

Por Brasília
Andrés Sanchez (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)Andrés Sanchez promete emendas para a MP (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
Atual superintendente de futebol do Corinthians e deputado federal (PT-SP), Andrés Sanchez não ficou totalmente satisfeito com a medida provisóriaassinada nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff para renegociar as dívidas dos clubes. Para ele, o texto tem 85% de pontos positivos, mas fez críticas duras a algumas contrapartidas exigidas, como a proibição de que os times comprometam mais que 70% das receitas brutas com a folha do futebol profissional.
- Quando se faz Refis para outros (setores da sociedade), não se pune, mas no futebol se pune. Porque é paixão. Agora, tem umas coisas como 70% da receita bruta para o futebol que não podem ser colocadas. O dirigente tem que ter a liberdade para gastar no que achar melhor. Os clubes têm conselho fiscal, são clubes com mais de 100 anos. É que o nosso país é um país hipócrita. Exigem-se algumas coisas do futebol porque é um preconceito total, e para o restante dos segmentos da sociedade não se cobra nada - questionou Andrés.
O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira da Mello, que participou ativamente durante o período de um ano e meio de discussões sobre o tema em Brasília, defendeu a medida. Para ele, não é aceitável que um clube comprometa mais que 70% de suas receitas brutas com a folha de pagamento do futebol profissional.
- Acredito que seja fácil de praticar (o limite de 70%). O Flamengo já pratica isso. É bem verdade que não somos um clube apenas de futebol, praticamos outros esportes olímpicos. Mas acho que, mesmo dentro dos clubes exclusivos do futebol, é praticamente impossível comprometer mais que 70% do orçamento com a folha - defendeu Bandeira.
Dilma Rousseff dividas dos clubes (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)MP das dívidas é assinada nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Segundo o presidente do Flamengo, as contrapartidas presentes na MP são fundamentais para a reestruturação do futebol brasileiro.
- Acho que é um marco superimportante porque, a partir de agora, vamos poder ter um futebol bem gerido, utilizando as melhores práticas de gestão e responsabilidade fiscal e orçamentária. E os clubes vão ter um instrumento para que possam se adequar a essa nova realidade regulatória - afirmou Bandeira de Mello.
Andrés critica investimento obrigatório em futebol feminino e promete emendas
Outro ponto criticado por Andrés Sanchez foi a obrigatoriedade de investimento no futebol feminino, incluída no texto da MP, mas ainda sem detalhes sobre a formatação. Segundo o dirigente, não é viável que todos os clubes que disputam as Séries A, B, C e D tenham times femininos por falta de jogadoras.
- Sobre o feminino, é preciso ver se vai ter campeonato o ano todo, se vai ter atleta para todos os clubes. Dificilmente você consegue atleta para 15, 20 times de futebol feminino. Então, de repente, faz um ou dois times fortes, e quando vão jogar com os outros fazem 30 a 0, 32 a 1. Isso não apetece o torcedor. Mas se tem que investir, vamos investir e tentar ajudar a fazer o futebol feminino crescer.
Segundo o deputado federal, a MP deve sofrer alterações no Congresso Nacional, e ele prometeu apresentar sugestões de mudanças.
- Tem várias emendas... Já viu alguma coisa lá não mudar? Estou aprendendo isso agora - concluiu.
Limitação de mandatos de federações e CBF ainda em debate
Andrés Sanchez também criticou o artigo que obriga os clubes que aderirem ao refinanciamento a disputarem competições organizadas apenas por entidades que sigam regras de gestão previstas na Lei Pelé, como mandatos de no máximo quatro anos com apenas uma reeleição. Nos moldes atuais dos campeonatos de futebol no Brasil, o item atingiria diretamente a CBF e as federações. Andrés disse concordar com a limitação, mas não considera correta uma imposição por meio de lei. 

- É inconstitucional. Eu também quero isso. Sou a maior oposição à CBF, mas é inconstitucional. A CBF é uma entidade privada, não tem recursos públicos. Você não pode exigir. Quem tem que mudar o estatuto da CBF são os clubes e as federações.
Bandeira de Mello admitiu que a questão é polêmica, mas disse acreditar em uma solução por meio do diálogo durante a tramitação da MP no Congresso Nacional.
- Com relação à CBF e às federações, não é um assunto que diz respeito diretamente aos clubes, mas acredito que poderá continuar sendo discutido. A MP entra em vigor, e a gente pode trabalhar no parcelamento. Nas medidas de responsabilidade que ainda sejam consideradas polêmicas, continuam as discussões na Câmara e no Senado. Acredito que, até que se tenha o próximo campeonato, o assunto já esteja resolvido.

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