BJ Penn manda conselho a Aldo: "O leão não liga que as ovelhas riam dele"
Lenda e membro do Hall da Fama do UFC, ex-campeão dos leves e dos meio-médios do UFC diz que não quer ver o brasileiro lutando no octógono se ele não estiver 100%
BJ Penn deu conselhos a José Aldo e falou sobre a sua vida de aposentado (Foto: Marcelo Russio)
Se existe alguém que tem conhecimento sobre as coisas do MMA, esse alguém é o havaiano BJ Penn. Um dos dois únicos lutadores a terem conquistado dois cinturões do UFC em categorias diferentes - foi campeão dos pesos leves e dos meio-médios - Penn falou após sua nomeação para o Hall da Fama do UFC no último sábadosobre as provocações que vem sendo feitas e as desconfianças que parte do público demonstra porJosé Aldo. Para ele, o campeão deve estar acima do que os outros fazem ou falam, e mandou um recado direto para Aldo.
- Aldo, você é o leão. Você é o campeão mundial. Você tem todos os recordes, e tem o cinturão. O leão não liga que as ovelhas riam dele. Lembre-se disso. O leão fica na dele enquanto os cordeiros fazem barulho e bagunça. Quem tem o cinturão é o leão. Se você não está 100%, eu não quero vê-lo em cima do octógono.
Respeitado por todo o mundo das artes marciais pelo que conseguiu na carreira, BJ Penn diz que seu maior feito não são os dois cinturões do UFC, mas sim uma outra conquista: ser o primeiro não brasileiro campeão mundial de jiu-jítsu na faixa preta.
- Outro dia e perguntaram qual era a maior conquista da minha carreira, e eu disse em português: "Ser o primeiro gringo campeão mundial de jiu-jítsu faixa preta" (risos). Eu fui o primeiro, e isso me fez ser muito respeitado. Dana disse que, se eu era o primeiro estrangeiro campeão mundial, me traria para o UFC, e foi o começo de tudo. Aquele título, aquela medalha de ouro no Mundial de Jiu-Jítsu de 2000 está ao lado dos meus cinturões do UFC, na mesma prateleira.
BJ Penn exibe o troféu de membro do Hall da Fama do UFC em Las Vegas (Foto: Evelyn Rodrigues)
Mostrando muita leveza e tranquilidade, BJ Penn diz que ainda não se acostumou com o status de lenda que os fãs lhe dão, e revela estranhar quando o param nas ruas para falar sobre isso.
- Eu não sei se sou uma lenda. As pessoas ficam me dizendo isso, e eu fico procurando, olhando para os lados, querendo saber quem é a lenda de quem eles estão falando (risos). O mais engraçado de tudo é que muita gente que diz que eu sou uma lenda não me viu lutar ao vivo, só me viram nas gravações. Não sei se vou me acostumar com isso, mas é divertido.
BJ Penn se emociona ao anunciar a aposentadoria após a terceira derrota para Frankie Edgar (Foto: Evelyn Rodrigues)
A aposentadoria parece ter feito bem a BJ Penn, mas o havaiano revelou que os primeiros dias após a decisão de parar de lutar foram difíceis, e que somente agora ele se orgulha de ter conseguido deixar para trás a vontade de competir. No entanto, o instinto de lutador, segundo ele, sempre estará dentro de si.
- Eu lutei um pouco com a minha decisão de parar depois da terceira luta contra Frankie Edgar, mas se você me perguntar do que você mais se orgulha, eu diria que é ter conseguido deixar para trás o desejo de continuar lutando. Não me entenda mal, mas quando passo por um grupo de caras que eu vejo que está em forma, vem na cabeça o pensamento de desafiá-lo, de saber se eu poderia voltar a ficar em forma, mas depois passa. Eu sou um lutador na essência, isso está dentro de mim. Mas lutar tem muito do ego, de não querer perder. Felizmente amadureci e percebi que tive a minha época, e que mais cedo ou mais tarde seria a hora de outra pessoa.
As prioridades de BJ Penn mudaram desde a aposentadoria. Para ele, aproveitar a vida e a família vem consumindo grande parte do seu tempo, e mesmo os reinos de jiu-jítsu foram deixados em segundo plano.
- Eu nunca digo nunca, mas nem venho treinando jiu-jítsu. Tenho me preocupado com a minha saúde e tentado recuperar o tempo de coisas que eu gostaria de ter feito antes, mas que não consegui quando era lutador. Agora quero aproveitar a vida, porque ainda tenho muito para viver. Para ser sincero, não me importo em ir para a academia, mas passei a minha vida toda lá, e agora estou aproveitando o que tem fora dela, e não dentro. Mas, se tiver a chance, eu te finalizo agora mesmo (risos).
O agora aposentado BJ Penn também falou da alegria de sua família com sua decisão de pendurar as luvas, e se disse mais relaxado e leve do que nos tempos de lutador.
- Minha família está muito feliz por eu não lutar mais. Minha mãe começou a vir para as minhas lutas no fim da minha carreira, porque não aguentava ver quando eu era mais novo. Essa é a prova de que eu estou ficando velho. Ela deveria ter vindo no começo (risos). Hoje me sinto muito aliviado por não precisar mais ficar provando tudo que eu falei. Se não quiserem acreditar no que eu digo, simplesmente falo que não é problema meu. Estou muito mais relaxado do que quando lutava, e feliz demais com o carinho e o apoio dos fãs.
Max Holloway é apontado por BJ Penn como o possível próximo havaiano de sucesso no UFC (Foto: Getty Images)
Perguntado se havia alguém que elegeria como o próximo havaiano a brilhar no UFC e sucedê-lo como representante local no evento, BJ Penn disse que Max Holloway pode vir a ser esse nome.
- O próximo havaiano que eu acho que pode brilhar é Max Holloway. Não não somos parecidos, não temos as mesmas habilidades, mas estou de olho nele. Tem feito um grande trabalho, está confiante e é grande para a divisão dos penas. Na minha opinião ele pode ir longe. Não quero colocar pressão sobre Max ou parecer apressado ao fazer essa análise, mas ele realmente é muito bom.
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