sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Ex-seleção de basquete e ex-atleta de MMA, Giant Silva curte aposentadoria

Paulo César Silva, o Paulão, abandonou as quadras para se aventurar no Pride e 
fez sucesso no Pro-Wrestling, com ajuda da aparência inusitada e dos 2,12m de altura

Por Rio de Janeiro
Giant Silva (Foto: Reprodução)Longe do mundo das lutas, Giant Silva aproveita as horas livres 
para curtir ao lado dos filhos e dos netos (Foto: Reprodução)
Os 2,12m de altura, naturalmente, levaram Paulo César da Silva ao basquete. Paulão, como era conhecido, foi campeão pré-olímpico com a Seleção Brasileira, jogou as Olimpíadas de Seul, em 1988, e atuou ao lado de grandes nomes do esporte, como Oscar e Marcel. Uma proposta, porém, guinou sua carreira para outra atividade. Dono de uma aparência peculiar, o gigante ingressou no Pro-Wrestling (telecatch) e no MMA. A alcunha também mudou: virou Giant Silva.

Radicado atualmente em New Jersey, nos EUA, e com 52 anos de idade, Giant Silva curte a aposentadoria ao lado da esposa, Cátia da Silva, dos dois filhos e dos dois netos. O basquete virou lazer com a família. O MMA - especialmente o Pride - e o Pro-Wrestling, apenas lembranças em sua mente e na dos fãs, que o reconhecem nas ruas.

- O Pride foi uma etapa de aprendizado na minha vida. Viajei muito, principalmente para o Japão, um país onde existe muito respeito ao próximo e seriedade pelo trabalho, então foi mais uma lição adicionada à minha vida. Posso dizer que essa é uma das coisas marcantes que vieram com o Pride. Quanto a participar dos eventos, posso dizer que o empenho de lutar para 50 mil pessoas era o mesmo dos eventos que lutei para público pequeno. A adrenalina sempre gritava no peito - afirma Giant, em entrevista por e-mail ao Combate.com.

No MMA, Giant Silva atuou pelo Pride e pelo K-1. Estreou em 2003 e atuou pela última vez três anos depois, encerrando sua trajetória com duas vitórias e seis derrotas.

Confira a entrevista na íntegra: 

Por que você deixou o basquete, onde defendeu a Seleção, para lutar MMA? 
Eu ainda estava jogando em Rio Claro quando recebi uma proposta de um empresário americano para integrar uma empresa americana de luta livre (telecatch). Como eu ainda tinha contrato com o basquete, acabou ficando só na proposta. Anos mais tarde, surgiu novamente a chance, e eu aceitei. Isso foi há quase 20 anos, quando viemos morar nos Estados Unidos. Assim, tudo foi se concretizando. 
Ainda tem contato com os jogadores que atuaram ao seu lado, como o Oscar Schmidt? 
Minha esposa mantém contato com meus amigos daquela época através das redes sociais, e por meio dela vou me atualizando sobre os acontecimentos. 
MOSAICO Giant Silva ex-lutador do Pride (Foto: GloboEsporte.com)Giant Silva curte amigos e familiares no Brasil e
nos EUA, onde mora (Foto: GloboEsporte.com)
Você se preparou em alguma arte marcial antes de migrar do basquete para a luta ou foi "com a cara e a coragem"? 
Foi necessário muito preparo e treinamento para adaptação, como em qualquer outro esporte. Quando estava no meu último ano em Rio Claro, eu estava treinando braço de ferro. No primeiro ano disputei campeonato estadual, depois brasileiro e em seguida o Mundial em Virginia Beach, nos Estados Unidos. Foram seis meses só de preparação, aprendendo técnicas. Depois, com o Vale Tudo, fui conhecer o jiu-jítsu por meio dos amigos Ricardo e Rômulo Bettencourt, que me ensinaram muitas técnicas. 
Que lembranças tem do Pride? 
O Pride foi uma etapa de aprendizado na minha vida. Viajei muito, principalmente para o Japão, um país onde existe muito respeito pelo próximo e seriedade pelo trabalho, então foi mais uma lição adicionada à minha vida. Posso dizer que essa é uma das coisas marcantes que vieram com o Pride. Quanto a participar dos eventos, posso dizer que o empenho de lutar para 50 mil pessoas era o mesmo dos eventos que lutei para público pequeno. A adrenalina sempre gritava no peito. 
Em alguns eventos, havia a impressão de que você fazia o papel do vilão contra algum lutador mais popular entre os fãs e o público. Existia essa divisão entre vilão e herói nos shows? 
Sempre há na história da luta o que faz papel de mau... Assim era a característica do meu personagem na luta livre, mas mesmo assim, o público acabava torcendo por mim. Agradava da mesma forma. 
No MMA, seu cartel tem duas vitórias e seis derrotas. Valeu a pena ter migrado de esporte? E, independente dos resultados, você gostou da história que construiu? 
Minha carreira nos Estados Unidos, no México e no Japão se construiu em cima do trabalho e da participação na luta livre. Já no MMA, surgiu de um convite e a partir de cada combate, foram surgindo outras lutas. Meu principal trabalho foi sempre a luta livre, o que faz a minha história diferente da dos lutadores que se dedicam somente a isso. 
Giant Silva (Foto: Reprodução)No telecatch, brasileiro fez sucesso nos EUA (Foto: Reprodução)
Qual explicação você vê para o telecatch ser uma febre nos Estados Unidos? 
É mais uma forma do americano se descontrair. Eles são fanáticos, sim. É muito comum os pais levarem os filhos desde pequenos aos estádios para verem as lutas, e já aprendem a admirar e escolhem seus lutadores favoritos.
Do que sente falta do Brasil? 
Não tem como não sentir saudades. Família, amigos, enfim, todos que nos ajudaram a escrever nossa história. Não saberia dizer algo... Porque seria buscar algo material e prefiro dizer que o ser humano é adaptável... Buscamos formas para ser feliz. Se bateu saudade da família, vamos visitá-los ou algum sempre vem nos ver. 
Você é muito alto, o que desperta a atenção. Como é a sua relação com os fãs? 
As pessoas me tratam com admiração e respeito. O americano trata tudo com maior naturalidade, tudo flui muito amigavelmente. Há momento para uma fotografia e um autógrafo sempre com tranquilidade. 
Quando assiste ao UFC, quem gosta de ver em ação? 
Acompanho de vez em quando. Gosto de todos. Sempre que há um brasileiro lutando, é para ele que vou torcer, sempre valorizando o trabalho e a dedicação do atleta. 
Giant Silva (Foto: Reprodução)Diferença de tamanho entre Giant e seus adversários era clara, como no confronto contra Henry Miller, que foi finalizado (Foto: Reprodução)
O que gosta de fazer nas horas vagas? 
Gosto de estar com meus netos. Meus planos sempre incluem a família. Temos dois filhos e dois netos, então fico sempre em torno deles, sem me importar muito com programações. Gosto de levá-los ao cinema e ao parque. O basquete também está enraizado em todos nós em casa. Às vezes, jogo com meus netos para descontrair.
Após a sua aposentadoria do MMA, há muito tempo não vemos notícias suas no Brasil. O que houve? Você evitou se expor?
Levo uma vida normal. Acho que isso é consequência por não estar nos ringues. Não sei, não tinha reparado nesse detalhe.
Quais são seus planos para os próximos anos?
Quero curtir a vida ao lado da minha família.

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