segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ajudado por atleticano agredido, pai lembra de drama para proteger filho

Na torcida do Vasco, Marcos Aurélio relata ajuda de torcedor do Furacão em briga na Arena Joinville. 'Ele pediu a outros torcedores para não fazerem nada com a gente'

Por Florianópolis
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Ir ao estádio com o filho de oito anos sem a camisa do Vasco da Gama e uma "intervenção divina". Esses foram os motivos apontados por  Marcos Aurélio dos Santos, de 37 anos, para que ele seu filho Marcos Vinícius não sofressem com a violência provocada pela confusão entre torcedores de Atlético-PR e Vasco, no último domingo, na Arena Joinville, durante partida válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro. O representante comercial, que mora a cerca de 300m do estádio, se viu em meio à briga (veja no vídeo ao lado nos 13 primeiros segundos), longe do setor da torcida vascaína, onde se encontrava. E, por pedir muito a um torcedor atleticano, conseguiu se salvar ileso, porém assustado. Esse torcedor, porém, não teve sorte. Depois de ajudar o pai e filho vascaínos acabou sendo agredido e foi um dos que acabaram desacordados no chão da Arena.
Marcos Aurélio e o filho, torcedores do Joinville, mas que simpatizam com o Vasco, estavam longe de uma das torcidas organizadas do clube carioca, mas no mesmo setor. Marco relatou que, devido à quantidade de torcedores vascaínos, um novo setor foi aberto. Marcos Aurélio acabou no meio da confusão e presenciou de perto a invasão dos atleticanos. Mas um deles acabou por ajudá-lo:
– Eu fui com a mão e disse para não fazer nada. Se fosse fazer alguma coisa que fizesse comigo. Ele disse que não iria fazer nada, então disse para ir com ele até embaixo. Ele pediu a outros torcedores para não fazerem nada com a gente. Quando eu desci, ele empurrou outro cara do Atlético para o lado, não deixou chegar perto. Naquela cena, ou eu ia para o paredão com os torcedores do Vasco para sair pela outra entrada, ou esperava para ver o que ia acontecer. Decidi ficar. Segurei meu filho e fiquei desviando dos torcedores. O torcedor que me ajudou saiu correndo quando a polícia chegou. Fui para o outro lado, e aí o pegaram. Logo em seguida, subiu a polícia, que atirou com bala de borracha. Fui para a torcida do Vasco, saí pela entrada e fui para casa o mais rápido possível – relembra Marcos Aurélio, que se diz aliviado por esbarrar com o torcedor "certo" e a decisão de não ter ido com a camisa do Vasco.
Confusão briga Torcidas Atlético-PR x Vasco (Foto: Pedro Kirilos/Agência O Globo)Torcedor Marcos Aurélio com o filho recebe ajuda de atleticano durante confusão (Foto: Pedro Kirilos/Agência O Globo)

– Agradeço a Deus, tenho muito fé. Ele botou a mão em cima dele. Se desse um soco, iríamos escada abaixo, mas demos a mão, eu segurei no braço dele, e ele no meu. Quando deu a invasão, eu corria para um lado e para o outro, pensava que se o meu filho caísse ali, nós seríamos pisoteados. Deixei a camisa do Vasco em casa, fui como cidadão. Se tivesse com camisa do Vasco... Selvageria.
Como todo pai, Marcos Aurélio só tinha uma coisa na cabeça: proteger seu filho. A reação foi segurar Marcos Vinícius contra seu peito, tirando a criança como um possível alvo da ira dos torcedores do Atlético-PR. Uma cena daquelas, para um torcedor do JEC, acostumado a jogos mais calmos, não estava nos planos do representante comercial.
– Imagina, eu só pensava nele. Quem é pai sabe. Só pensava no meu filho. Se eu estivesse sozinho, tudo bem. Ele ficou branco, não falou nada. Ficou apavorado, é criança. Sou sócio do Joinville há dez anos, meu filho é fanático por futebol, está na escolinha, queria ser jogador. É o sonho dele, mas está tão assustado que falou que não quer mais ir ao estádio. É momento, está assustado. Nunca vi uma coisa dessa. Estou decepcionado por ter visto uma cena aquela.
Se depender dele, jogo na Arena Joinville de time grande, como Flamengo, Corinthians e Vasco, como cita, nunca mais. Para evitar outras possíveis confusões, apenas jogos menores, como do Campeonato Catarinense, já que a polícia militar se faz presente, fato não visto no jogo entre Atlético-PR e Vasco.
– Nunca vi um jogo na Arena Joinville sem polícia. Se tivesse, até poderia ter a briga, mas não com aquela proporção. Como só quatro seguranças são preparados para isso? Jogo de futebol, só se for do Joinville no Catarinense ou jogo de uma torcida só na Série B – diz Marcos Aurélio, que, com o rebaixamento de Vasco e Fluminense e o medo de brigas, vai perder dois jogos na Série B do Brasileiro de 2014.
confusão torcida Atlético-PR e Vasco jogo (Foto: Cleber Yamaguchi / Agência Estado)Torcedor que ajudou Marcos Aurélio acabou ficando ferido na confusão (Foto: Cleber Yamaguchi / Agência Estado)

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