segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Danilo Couto pega onda gigante em Jaws na remada e concorre ao "Oscar"

"Foi um dia histórico. Me sinto abençoado por estar naquele momento e por estar hoje aqui, bem, vivo e inteiro para falar sobre a onda", diz big rider após dia épico no Havaí

Por Maui, Havaí


Danilo Couto  (Foto: Reprodução)Danilo Couto relembra dia histórico, em que surfou onda gigante na remada (Foto: Reprodução)
Um swell de grandes proporções atingiu a costa do Havaí, na última quarta-feira, provocando altas ondas na temida bancada de Peahi, na ilha de Maui. O pico de Jaws reuniu alguns dos maiores big riders do mundo, que se arriscaram no mar assustador e pegaram diversos tubos na remada, sem o auxílio do jet-ski. Na prática do tow-in, comum na modalidade mais extrema do surfe, os atletas são rebocados para a onda por um jet ou até mesmo por um helicóptero. Danilo Couto foi um dos destaques do dia. O baiano encarou as morras e entrou como um dos candidatos pela categoria de maior onda surfada na remada no ano pelo "XXL Awards", o Oscar das ondas gigantes.
Em 2011, Danilo ganhou o prêmio de melhor onda ("Ride of The Year"), a mais importante das categorias, pelo paredão de 20m, também em Jaws, igualando a façanha de Carlos Burle. Em 2002, o pernambucano foi o vencedor com uma onda de cerca de 30m surfada em Mavericks, na Califórnia (EUA). Burle, no entanto, fora puxado por um jet-ski, enquanto Danilo foi na remada. No ano passado, o baiano concorreu com uma onda surfada na Irlanda, mas não venceu o prêmio.
A sessão de surfe na última semana também contou com a presença dos locais Albee Layer, Kai Lenny e Paige Alms, além sul-africano Joshua Redman e dos brasileiros Lucas Chumbinho, Marcio Freire, Pedro Scooby, Felipe Cesarano, o Gordo, e Pedro Calado.
Desde que surfou Jaws de tow-in pela primeira vez, Danilo Couto sempre sonhou em pegar uma onda gigante no pico na remada. Passou anos se preparando para o grande dia, melhorou os equipamentos e treinou para evitar os erros, que, em condições perigosas, podem ser fatais. E a hora tão esperada chegou na última semana. O vento forte e as ondas de grandes proporções afastaram surfistas do mar, deixando o espaço livre para os corajosos big riders. Ao lado de amigos, ele conta que viveu um "momento espiritual", seguiu os seus instintos e viveu um das experiências mais especiais de sua vida.
- Por que eu surfo Jaws gigante remando? Tenho que explicar primeiro a minha relação com o lugar, Maui, coincidentemente, a onda mais poderosa do mundo. O lugar onde os meus melhores amigos vivem, onde cheguei no Havaí e criei uma conexão com a onda. Surfei muito com jet-ski no passado e sempre quis remá-la. Já tem alguns anos que isso aconteceu e eu sabia que um dia gigante ia chegar. Toda a minha preparação foi para esse dia. O dia chegou, o mar estava grande, com  poucas pessoas na água... Chega uma hora que você sabe que está preparado, é só você e o mar, você e a onda. Esperei muitos anos da minha vida por isso. Foi um dia histórico. Me sinto abençoado por poder estar presente naquele momento e por estar hoje aqui, bem, vivo e inteiro para falar sobre essa onda - contou Danilo.
O dia chegou, o mar estava grande, com  poucas pessoas na água... Chega uma hora que você sabe que está preparado, é só você e o mar. Esperei muitos anos da minha vida por isso. Foi um dia histórico. Me sinto abençoado por poder estar presente naquele momento e por estar hoje aqui, bem, vivo e inteiro para falar sobre essa onda"
Danilo Couto
Percebendo o perigo da onda, que poderia se fechar a qualquer momento sobre sua cabeça, o brasileiro realizou uma "saída de emergência", segundo suas palavras, ou até de sobrevivência. Danilo ainda levou uma "vaca" (caldo), mas conseguiu sair são e salvo da missão. A onda teria aproximadamente 23 pés, cerca de 7m, mas a medição oficial será divulgada apenas durante a cerimônia.
- Foi um momento espiritual para mim. A onda estava quebrando de uma maneira que eu nem esperava. Após a remada, foi bem intenso, com vento forte na cara, um volume alto de água... Quando entrei na onda, vi que ela quebrava de uma maneira diferente, 23 pés e 19 segundos, uma combinação muito potente. Eu andei por boa parte dela, mas vi que ela ia fechar e optei por uma saída de emergência. Tomei caldo na sequência porque eu já estava dentro da onda. É preciso lidar com os nossos instintos, estar preparado e ter uma equipe de resgate. É tudo pensado para nada dar errado. Em função do perigo, a gente se prepara para minimizar os erros, isso faz parte da missão. Trabalhei meu instinto e realizei a missão na hora certa.
Os candidatos ao prêmio "XXL" podem inscrever as suas ondas no período entre 20 de março de 2014 e 20 de março de 2015. Os concorrentes são anunciados na última semana do mês e os vencedores são revelados em uma cerimônia de gala, no dia 1º de maio, na Califórnia.

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