Colega de lutador morto no México, brasileiro diz: "Trabalho é de alto risco"
Companheiro de profissão e amigo de Pedro Aguayo, que faleceu após levar golpes dentro de ringue, ''Zumbi'' defende lutador rival e sua modalidade de críticas
As imagens fortes rodaram e chocaram o mundo. A morte de Pedro Aguayo Ramirez, de 35 anos, abalou o México nos últimos dias. Mais conhecido como "Hijo del Perro Aguayo", o ídolo mexicano faleceu de forma trágica depois de receber uma sequência de golpes de Oscar Gutierrez, o Rey Mysterio Jr., em um evento de "lucha libre" em Tijuana. A disputa é uma luta ensaiada com coreografias e golpes plásticos, que é sucesso local. Perto de todo este drama está um brasileiro conhecido apenas como Zumbi, que também é um dos grandes nomes da modalidade no país. Ele, que vive há 10 anos no exterior e se recusa a dizer o nome verdadeiro, se mostrou consternado e considerou que a morte do colega foi uma fatalidade.
- A perda do Perro Aguayo foi um grande golpe pra mim. Nesses dias surgiram infinidades de comentários que vão desde do absurdo até o mais relevante. Posso falar com toda a segurança que, para mim, foi um acidente. Todos nós, atletas lutadores, que nos dedicamos a isso, estamos expostos e somos conscientes de que o nosso trabalho é de alto risco - disse o lutador brasileiro.
O lutador Zumbi Brasileiro ao lado de Pedro Aguayo, em foto antiga (Foto: Arquivo Pessoal)
O atleta revelou que se apaixonou pelo esporte logo que migrou para o México. Apesar do âmbito do entretenimento, ele deixa claro que todos que praticam a ''lucha libre'' são profissionais que buscam dar aos espectadores sempre o melhor espetáculo e defende seus companheiros de profissão. Zumbi também enalteceu os feitos de Aguayo, lembrando que recebeu sua ajuda no começo da carreira e fez questão de eximir o lutador Rey Mysterio Jr. de responsabilidade pelo acidente.
- Culpar Rey Mistério Jr., para mim, é um verdadeiro absurdo. Como falei, foi um acidente. Ninguém gostaria passar por uma situação tão desafortunada como essa. Desde o primeiro dia que cheguei neste país fiquei apaixonado pela luta livre. É parte da cultura mexicana. Respeito e admiro a todos aqueles que sobem no ringue para ''deixar tudo'' e para dar aos fãs um grande espetáculo. Nós somos lutadores e não brincamos. Hoje, compartilho minha tristeza e de muitos pela perda do Perro Aguayo, que sempre considerei um homem inteligente, um lutador exemplar. Sou muito agradecido pelo apoio que ele deu na minha carreira e no meu caminho.
Zumbi, de máscara, com Aguayo e outros lutadores do México (Foto: Arquivo Pessoal)
Após a morte de Aguayo, vídeos da trágica luta do último fim de semana foram muito procurados na web. O que mais chamou atenção foi a reação tardia dos demais lutadores que participam do duelo no ringue, que levaram alguns minutos para perceber que o companheiro já estava inconsciente dentro do ringue. Para o brasileiro, os atletas não se deram conta de que se tratava de algo sério.
- Se vê nos rostos deles (lutadores) o desespero de cada um. Mas acho que eles nunca imaginariam que ele estivesse morto - disse o Zumbi.
No começo desta semana, foi divulgada a causa oficial da morte trágica de Perro Aguayo. Filho de um outro ídolo local do México, ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória causada pelo trauma na cervical, de acordo com Ernesto Franco, médico que o atendeu após o incidente. A morte também não aconteceu dentro do ringue, conforme especulado anteriormente.
- Definitivamente, foi uma tragédia. Uma coisa impressionante, porque não é normal. O México está muito triste. Para os fanáticos desse esporte, é uma grande perda. O filho do Perro Aguayo foi ídolo de milhares de mexicanos. Os acidentes de trabalho acontecem em qualquer lugar e, lamentavelmente, na luta livre não é exceção - lamentou o brasileiro.
Foto de Aguayo recebendo atendimento após incidente no ringue. Ele não resistiu (Foto: EFE)
Neste segunda-feira, uma missa de corpo presente marcou a última despedida a Pedro Aguayo Ramirez. A celebração foi realizada em Guadalajara, onde o corpo do lutador seria cremado.
A luta fazia parte da vida de Ramirez, que era conhecido também como ''Perro Aguayo Jr'', já que seu pai, Pedro Aguayo Damián, foi um nome importante no mundo da lutas, sendo campeão da WWF. Ele esteve na luta livre por 20 anos, inspirado no sucesso de seu parente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário