terça-feira, 24 de março de 2015

Drubscky chega ao Flu com confiança em mudar a rejeição: "Vamos inverter"

Novo técnico do Fluminense mostrou bom humor, diz que tem o estilo de Telê Santana, revela que escreveu livros e compara tempo de preparação ao balé

Por Rio de Janeiro


A terça-feira foi agitada para Ricardo Drubscky, novo técnico do Fluminense. O anúncio oficial veio logo cedo, à tarde estava no campo já comandando o primeiro treino e em seguida concedeu sua primeira entrevista coletiva. Ele não se mostrou incomodado com a rejeição da torcida ao seu nome e está confiante de que o trabalho em campo poderá mudar isso. 
- Vejo com naturalidade (a desconfiança). Futebol brasileiro é assim. Oportunidades aparecem de maneira um pouco assim... A gente acaba vendo isso e não acreditando às vezes. Estou há 30 anos no futebol e vejo a oportunidade e a desconfiança de maneira tranquila. Qualquer um teria um nível de rejeição. Uns mais, outros menos. Com a sequência vamos inverter isso.
Coletiva ricardo dubrisky Fluminense (Foto: Reprodução)Ricardo Dubrscky concedeu entrevista coletiva após comandar seu primeiro treino no Fluminense (Foto: Reprodução)

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Ricardo Drubscky:
Demissões do Flu em Cariocas
- No futebol brasileiro, existe isso. Nós não podemos apontar o dedo para este ou aquele culpado. Em entrevistas passadas, disse que todos têm participação. A maneira como é feita no Brasil é assim, mas sou contra. Temos que dar mais tempo. Não se mede qualidade pelas vitórias, mas pelo que ele faz no dia a dia. Nem sempre a vitória chega rapidamente.
Expectativa para o trabalho
- Espero ter este tempo, acredito muito no trabalho que desenvolvo em campo. Aposto muito nesse elenco. A base está mantida. Vamos conseguir driblar as dificuldades com a busca da qualidade de jogo e com os resultados. Não vou fazer diferente do que os grandes técnicos brasileiros fizeram. Vou tentar vencer com qualidade no trabalho. Não sou menino. O ar que se respira aqui é muito interessante.
Ricardo Drubscky  Fluminense (Foto: Nelson Perez / Fluminense)Ricardo Drubscky é apresentado ao elenco do Fluminense no vestiário das Laranjeiras (Foto: Nelson Perez / Fluminense)
Expectativa para o time
- Pretendo que seja uma equipe equilibrada, que saiba atacar e defender. Uma time lúdico. Há uma pressão no Brasil para as equipes serem ofensivas. Quero equilíbrio, mas não abro mão da ofensividade, de buscar vitórias dentro e fora da casa. E vou aproveitar muita coisa que o Cristóvão fez, é um excelente treinador. Vou pegar um trabalho em andamento. Ainda bem que era o Cristóvão. Admiro muito ele. Não sou bobo, vou aproveitar o trabalho dele. Tentar evoluir com a minha maneira.
Pressão da torcida
 Balé não tem adversário, e demora seis meses, um ano para treinar a coreografia
Ricardo Drubscky
- Eu lamento muito, mas o que posso fazer nesse início é pedir calma e tranquilidade. Temos vários exemplos de grandes treinadores que não conseguem resultados. Futebol brasileiro é muito confuso nesse sentido. Peço calma e paciência. Nos deem tempo. Agradeço a confiança da diretoria. Nós vamos fazer um trabalho de qualidade. Tem que esperar ver se vai jogar bem, se a bola vai entrar ou não. Todos colocam hoje a Alemanha como exemplo a ser seguido. Começaram há dez, 15 anos mudando o foco desde a categoria de base. Se com 15 dias estiver a minha cara, vai estar feio. Vai ser feio assim mais longe. Balé não tem adversário, e demora seis meses, um ano para treinar a coreografia. Estou com um tesão de todo tamanho. Vou me doar de corpo e alma. Trabalho de qualidade vai ter para caramba. No fim vamos sorrir juntos.

Jogo de quinta-feira, contra a Cabofriense
- Já comecei a pensar, já tenho time na cabeça e ideia de jogo, com variações. Esperamos vitórias, que aceleram o processo. Espero que os jogadores assimilem. Não vou fazer mudanças drásticas. O trabalho era bom. Espero que a bola entre na quinta. Esperamos terminar classificados.
Jeito de ser
- Sou mais agitado do que o Cristóvão. Queria ter a tranquilidade dele. Minha identidade é baseada em outro mineiro e grande tricolor, o Telê Santana. Hoje estou no aconchego dele. Sou admirador, era um grande ídolo. Era qualidade técnica, fair play, jogo jogado... Muitos o tinham como ranzinza. Era um baita treinador, um dos melhores. Sou um perfil Telê, me espelho nele. Gosto de lidar com o jogador, saber o que está acontecer. Estou no futebol por amor.
Ricardo Drubscky e Fred Fluminense (Foto: Nelson Perez / Fluminense)Ricardo Drubscky cumprimenta Fred, capitão e ídolo do Fluminense em sua chegada (Foto: Nelson Perez / Fluminense)

Fred e Walter juntos

- Ás vezes, para se colocar jogadores, fazem uma certa mistura na composição porque há pressão. Jogador sentar no banco no Brasil é um absurdo. Na Europa, ficam porque são opção. É da cultura. Vejo Walter como perfil de jogo parecido com Fred. Poucas possibilidade de uma ideia de jogo com os dois jogando. Podemos usar em situação de jogo, mas costumo usar um de área e outro mais de lado. Os dois juntos é meio complicado. Tem que haver uma ideia de jogo e os jogadores se enquadrarem.
Livros que escreveu


- Tenho três filhos, plantei algumas árvores e escrevi dois livros. Gosto de escrever. Levo as minhas reflexões. Tem tido uma crítica boa do livro. É um hobby. Alguns gostam de música, outros de cerveja.. Eu gosto de escrever.
Trabalho com a base

- Durante muitos anos trabalhei com jovens, gosto de lidar com eles. Pesquiso sobre desenvolvimento de talentos. Fui campeão duas vezes da Copa São Paulo. Eu espero poder contribuir com esse meu conhecimento do futebol de base.
Pronúncia de Drubscky
- Meu sobrenome é muito tranquilo. É só falar pausadamente. Se eu ficar no Fluminense esse ano todo, eles vão todos aprender meu nome.
Superstições
- Eu sou religioso, a minha esposa mais ainda. Até invejo ela. Acredito muito na espiritualidade. O indivíduo não é só feito de carne e osso. Me benzo mesmo. Acredito mesmo. Faço orações, converso comigo mesmo. Tento me abençoar quando entro no meu trabalho.
Possível indicação do empresário de Fred

- Será que os torcedores sabem que é o mesmo assessor? Conheci ele hoje. O que nos une é ser mineiro, termos começado no América-MG. Única relação que temos. Agora que vou conhecê-lo. Se existir esse pensamento, é muita coisa maldosa. Não entrei no futebol hoje.

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