Dani Hypolito "se fecha" para escrever fim de história de 20 anos na seleção
A 501 dias de sua última edição das Olimpíadas, ginasta de 30 anos faz alterações em sua série, luta por vaga em 2016 e se prepara para aposentadoria após os Jogos
Daniele Hypolito fará 20 anos pela seleção brasileira em 2016 (Foto: Ricardo Bufolin / CBG)
De seus 30 anos de vida, Daniele Hypolito dedicou 25 à ginástica artística. No ano que vem, Dani completa duas décadas vestindo o collant da seleção brasileira da modalidade. Quando foi convocada pela primeira vez, em 1996, nem podia imaginar aonde chegaria. Motivada pelo amor ao esporte, foi longe. Dona da primeira medalha conquistada por uma brasileira em um Mundial, a prata no solo, em Ghent, na Bélgica, em 2001, e com participações em quatro edições olímpicas - Sidney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 -, ela sabe que o fim da carreira está próximo. O planejamento, se tudo der certo, é deixar a modalidade após disputar as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, daqui a 501 dias. Mas para dar conta do recado e não ficar para trás, a mais experiente atleta do time brasileiro precisa se reinventar.
- Em 1996, foi a primeira convocação. Farei 20 anos de seleção (risos). Olha, você me pegou, hein... Nem tinha noção. A motivação diária é o amor ao esporte, mas não é fácil. Chega uma hora em sua carreira que você vai dando um passo de cada vez, não dá para pensar tanto mais a longo prazo, tem que pensar no dia a dia. O atleta quando está em preparação não sente, não pensamos muito nesse negócio de 500 dias, 1 mês, um ano. Só focamos no objetivo - falou.
O primeiro desafio de Daniele Hypolito em 2015 será em Doha, no Catar, na etapa da Copa do Mundo, de 25 a 27 de março. Na competição, Dani disputará a trave, que é sua especialidade, e a paralela, já que o técnico Alexander Alexandrov exige que as atletas participem de dois aparelhos pelo menos por torneio. E sua série terá mudanças, segundo ela.
- Terão algumas coisas novas porque temos que nos adaptar ao código (da ginástica). Não é muito ainda, porque vamos mudando aos poucos, mas tem uma coisa ou outra diferente. Espero competir da melhor maneira possível e pelo menos chegar à final. Se vier medalha, ótimo, porque queremos mostrar desde agora que o Brasil está se preparando para ir para as Olimpíadas, mas, acima de tudo, para ir bem. Com a mudança de código, não dá para ficar parada - disse a atleta.
Daniele Hypolito é a atleta mais experiente da seleção brasileira, com 30 anos e inúmeros torneios(Foto: Globoesporte.com)
A temporada ainda tem torneios relevantes como o Pan, em Toronto, no Canadá, em julho, e o Mundial de Glasgow, na Escócia, em outubro. Esse último é crucial para a classificação para as Olimpíadas do Rio (entenda os critérios para a vaga).
- Quero encerrar minha carreira bem na parte olímpica, fazendo o melhor dentro do nosso país. Vou me dedicar até o último minuto da melhor maneira possível. Se eu estiver (nos Jogos), ótimo. Se não, vou torcer para as meninas porque está todo mundo treinando e é todo mundo merecedor. Só Deus decide quem vai, e a comissão técnica, claro, que está observando, nos analisando. Se acharem que mereço, vou dar meu máximo. Estamos treinando bastante para ficar entre as oito primeiras no Mundial - contou a irmã de Diego Hypolito.
Daniele Hypolito é tida como referência para as novatas (Foto: Ricardo Bufolin / CBG)
Mais experiente atleta da seleção brasileira atualmente, Daniele é uma espécie de "professora" para as mais novas, como Flávia Saraiva, Lorrane dos Santos e Rebeca Andrade, três das apostas da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) para o futuro da modalidade no país. A experiência fala mais alto, e a dedicação, segundo Dani, é o que faz as mais jovens se espelharem nela.
- O melhor exemplo que posso dar é dar força, estar junto e sempre dar o meu melhor. Apesar de ser mais velha que elas, estar ali tentando fazer da melhor maneira possível. Esse é o melhor exemplo que posso dar para o treino delas. A dedicação delas e de todas nós é a maior possível. Sabemos da responsabilidade e queremos que o Brasil faça a melhor participação de todos os tempos dentro de casa.
Ciente de que a hora de aposentar o collant está chegando, Daniele Hypolito se preparou para o futuro. Atualmente, ela cursa a faculdade de marketing em Curitiba, onde mora e treina. Dani pensa em trabalhar com gerenciamento de carreira de atletas. Desse modo, ficaria perto do esporte, mas sem "estar dentro do ginásio".
Estou focada porque são um ano e meio, dois, no máximo, para encerrar a minha carreira, então é uma hora que preciso me fechar
Daniele Hypolito
- Estou focada porque são um ano e meio, dois, no máximo, para encerrar a minha carreira, então é uma hora que preciso me fechar não só para o treinamento no ginásio, como também para o dia a dia fora daqui. Estou bem focada para quando terminar estar formada e trabalhar com algo ligado à comunicação, que é o que eu gosto. De repente, quem sabe, gerenciando carreiras de atletas - concluiu.
Além da prata no Mundial de Ghent e das quatro participações olímpicas, Daniele conquistou duas medalhas de prata na trave e nas paralelas assimétricas, e duas medalhas de bronze no individual geral e por equipes, totalizando quatro no Pan de Santo Domingo, em 2003. Na final da Copa do Mundo de São Paulo, levou a medalha de prata na trave, atrás da chinesa Li Ya, em 2006.
No ano seguinte, nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, foi medalha de prata por equipes, atrás dos Estados Unidos. Na finais individuais, foi quinta no geral, sétima no solo e medalhista de bronze na trave. Ainda em 2007, foi quinta colocada por equipes no Mundial de Stuttgart. Em 2010, disputou a etapa portuguesa da Copa do Mundo e terminou como medalhista de ouro em dois aparelhos, salto e solo. Nas barras assimétricas, foi terceira colocada.
Nesta terça-feira, 24 de março, o GloboEsporte.com transmite ao vivo um programa especial para marcar os 500 dias que faltam para as Olimpíadas de 2016. A transmissão começa às 14h. Não deixe de participar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário